Situado ao lado do Jardin du Luxembourg (ou Jardim de Luxemburgo), o Palais du Luxembourg impressiona por sua beleza, em perfeita harmonia com o ambiente. Ficamos maravilhados com a riqueza da sua decoração, seus afrescos, seus quadros e suas esculturas. Sede do Senado francês, sua história é bem mais antiga e começa há exatos 400 anos, lá no século XVII.
Um capricho real
Tudo começa quando Maria de Médicis, rainha-regente e viúva de Henrique IV, diz não suportar mais viver no palácio do Louvre. A proximidade com o Sena, então depósito de todo lixo e dejetos existentes, fazia com que os odores no velho palácio fossem insuportáveis. Além disso, a rainha queria há muito tempo construir um palácio em estilo italiano, como o Palácio Pitti, em Florença, sua terra natal.
Duas grandes questões intrigavam, então, a rainha e sua corte: mudar para onde? E qual lugar seria digno de acolher uma moradora tão ilustre?
Em meados de abril de 1612, Maria de Médicis tomou conhecimento de uma construção elegante do século XVI, um hôtel particulier (um pequeno palácio urbano), que pertencia a François de Luxembourg, duque de Piney. Praticamente na mesma hora, ela viu ali o lugar perfeito para se mudar. Então, ela compra a propriedade e outros terrenos vizinhos, pois só o hôtel não tinha tamanho suficiente para comportar uma regente como moradora.
Os trabalhos começam em 1615 e são confiados ao arquiteto Salomon de Brosse. A propriedade original é preservada, mas as casas dos terrenos vizinhos são demolidas para que seja construído o palácio da rainha. O nome do antigo proprietário continua ligado ao lugar. O hôtel onde morava o duque passa a ser chamado de Petit Luxembourg para se diferenciar do palácio real vizinho, conhecido como Palais du Luxembourg (Palácio de Luxemburgo) ou Grand Luxembourg.
O Palácio visto do Jardim de Luxemburgo
Maria de Médicis se muda em 1625, mas as construções só acabam em 1631. No Petit Luxembourg ela instala o Cardeal de Richelieu, que era seu homem de confiança.
As agitações da Revolução
Depois tanto o Petit quanto o Palais du Luxembourg vão passar de mão em mão. Vários proprietários, todos nobres, ali vivem, inclusive o Conde de Provence, irmão de Luis XVI e futuro Luis XVIII.
Logo após a Revolução Francesa, o palácio é temporariamente transformado em prisão. Depois, em 1795, passa a abrigar as sessões do Diretório, ou seja, do governo, enquanto o Petit Luxembourg passa a ser a residência de seus diretores.
Presentes que o Senado francês recebe
A partir de então, a vocação “governamental’ do Palais de Luxembourg nunca mais será abandonada. Napoleão Bonaparte decide criar o Senado Conservador, uma assembleia composta por 80 senadores com idade mínima de 40 anos. Eles instalam sua sede no palácio a partir de 1804 e o presidente faz do Petit Luxembourg sua residência.
Interior do Petit Luxembourg
Com o passar dos anos, a assembleia muda de nome: Chambre des Pairs (uma espécie de Câmara dos Lordes) e, depois, Senado. Hoje, o Senado conta com 343 membros e seu presidente continua morando no Petit Luxembourg.
Outra visão do Palácio a partir do Jardim de Luxemburgo
O Palais du Luxembourg tem várias áreas interessantes para serem visitadas. Algumas delas são:
A biblioteca e seu anexo
É reservada aos parlamentares e seus colaboradores e possui mais de 400 mil obras, a maioria especializada em Direito e Economia.
Cúpula da biblioteca pintada por Delacroix em 1845 – Dante é recebido no inferno por Homero, Horácio e Ovídio
Já seu anexo é situado na parte leste do palácio e abriga mais de 70 obras e uma parte da documentação do Senado. Em 1750 ali foi instalado o primeiro museu público dedicado à pintura, fechado algumas décadas depois.
Durante o Senado Conservador, este museu abre novamente para expor as telas de Rubens, que pertenciam ao duque de Provence (Louis XVIII), que havia morado no local. De 1816 até 1887 (quando é criado o Museu de Luxembourg), no anexo da biblioteca também eram expostos quadros de artistas contemporâneos.
O Hémicycle ou Semicírculo
É o lugar onde acontecem os debates do Senado, o coração da chamada Haute Assemblée (Alta Assembleia). A sua construção veio da necessidade de um espaço maior para acolher os senadores. A antiga sala, situada onde hoje fica a de Conferências, e construída para os 80 membros do Senado Conservador, logo ficou pequena. Então, o arquiteto Alphonse de Gisors começa, em 1836, os trabalhos para construção do Hémicycle.
A sala das sessões do Senado é composta por dois semicírculos: um grande, onde ficam os senadores, e um menor, em frente, que abriga a tribuna do orador e o lugar onde fica o presidente da sessão.
O semicírculo menor e as esculturas
A Sala de Conferências
Ela é dividida em duas partes: Leste e Oeste. A primeira, a Leste, acolheu, em 1919, o presidente americano Wilson para o banquete da conferência de paz. Ela possui o estilo do Segundo Império (Napoleão III) e abriga a mesa de imprensa, onde os senadores podem consultar os jornais do dia.
A parte Oeste é o lugar de encontro dos senadores com membros do governo ou jornalistas. Ao longo de sua história sofreu diversos arranjos, chegando a ser, durante o reino de Napoleão III, um salão de festas.
Sala Victor Hugo
É a sala onde os senadores escrevem ou recebem as visitas tranquilamente. Em sua origem, era chamada Sala Napoleão III, mas foi batizada de Victor Hugo em 1889, em homenagem ao escritor que também foi senador. É ali que está o trono que Napoleão Bonaparte (Napoleão I) usava para presidir as sessões do Senado Conservador.
Galeria dos Bustos
Decorada por pilastras brancas e douradas, é onde estão reunidos os bustos de antigos senadores e políticos do século XIX. Ela liga a Sala de Conferências ao Hémicycle. É por ali que passa o Presidente do Senado para a abertura solene da primeira sessão do dia.
Palais du Luxembourg:
15, rue de Vaugirard
Metrô Odéon, linhas 4 e 10
RER B: Luxembourg Mais informações
É possível visitar o Palais du Luxembourg. Visitas em grupo: são organizadas às segundas, sextas e sábados (exceto nos dias em que há sessões do Senado) para grupos de, no máximo, 40 pessoas. Para reservar, escreva para “visites@senat.fr” com, no mínimo, três meses de antencedência.
Visitas individuais: são organizadas pelo Centre des Monuments Nationaux, um sábado por mês, às 10h30 e às 14h30. Você pode reservar pelo telefone 01.44.54.19.30 ou por email: visites-conferences@monuments-nationaux.fr. Mas, por causa dos atentados, as visitas individuais estão suspensas. Minha sugestão é que vocês se organizem, mesmo que seja em grupos pequenos, e façam o procedimento que descrevi acima para as visitas em grupos.
Outra ocasião de visitá-lo é durante as Journées du Patrimoine, que neste ano de 2021 acontecem no final de semana de 18 e 19 de setembro. A visita é tanto no sábado quanto no domingo, das 9h às 18h e é gratuita.
Sou de São Paulo, e moro em Paris desde 2010. Sou jornalista, formada pela Cásper Líbero. Aqui na França, me formei em História da Arte e Arqueologia na Université Paris X. Trabalho em todas essas áreas e também faço tradução, mas meu projeto mais importante é o Direto de Paris. Amo viajar, escrever, conhecer pessoas e ouvir histórias. Ah, e também sou louca por livros e animais.
Nã o tinha a menor noção de que poderia ser visitado! Nunca observei qq placa ou indicativo nesse sentido.
O palácio é realmente muito bonito, e deve ser uma visita agradável, porque depois tem os jardins pra uma descansadinha e um lanche!
Adorei a indicação!
Adoros os jardins e já fui ao museu do Luxembourg, mas nunca visitei o Senado mesmo! Excelente idéia! Pena que os horários parecem um pouco limitados, e sempre com reserva! Mas pelo jeito vale a pena!
Então, é com reserva e é visite guidée. Visitar livremente o Senado, sem ter guia junto, só na Journée du Patrimoine. Mas, mesmo com um pouco de fila na Journée, vale a pena sim…
Que saudade!!!!! Obrigada pelo elogio e incentivo. Também desejo tudo de bom para você e quando for para o Brasil, vou te visitar sim, com certeza. Manda um beijo para a Marcia, a Flavia, os netos e um beijão para você
[…] jardim para matar a saudade de Florença A história do Jardin du Luxembourg começou junto com o Palácio de mesmo nome, em 1612. Maria de Médicis, viúva de Henrique IV, não gostava do Louvre, que era a […]
Entrei em contato com o pessoal do Senado e hoje em dia não dá mais pra visitar esse lugar não, infelizmente.
Olha a mensagem que recebi:
We are sorry but in application of the security measures of the plan Vigipirate all the visits are cancelled. Best regards.
Oi Bruna, é que depois do atentado vários lugares ligados ao governo fecharam para visitas, mas é uma medida temporária. Por exemplo, a biblioteca do Hôtel de Ville também estava fechada e agora somente que reabriu. Vou escrever pra eles pra saber uma previsão. Um beijo e obrigada por comentar.
[…] 5) Palais du Luxembourg – Apesar dele ser aberto para o público, não é tão fácil visitá-lo durante o ano. Mas, durante as Journées é uma das visitas mais concorridas. Chance para ver a cúpula da biblioteca pintada por Eugène Delacroix, um dos maiores pintores franceses. Chance também de saber como funciona o Senado Francês, cuja sede é ali. Para saber como é a construção por dentro e como visitá-la durante todo o ano (além das Journées), clique neste post. Endereço: 15 rue de Vaugirard – 75006 Paris. RER B: Luxembourg. Horários: das 9h30 às 17h30. Veja mais sobre a visita no post que escrevi sobre o Palais […]
[…] para um dos quadros realizados por Rubens para a série La Vie de Marie de Médicis, destinado ao Palais du Luxembourg e que hoje está no Louvre. Após esta peripécia, Louis XIII e a mãe se reconciliam, mas […]
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Comentários (17)
Anita Gomide
12 de junho de 2012 at 11:28Nã o tinha a menor noção de que poderia ser visitado! Nunca observei qq placa ou indicativo nesse sentido.
O palácio é realmente muito bonito, e deve ser uma visita agradável, porque depois tem os jardins pra uma descansadinha e um lanche!
Adorei a indicação!
Renata Inforzato
13 de junho de 2012 at 17:37Oi Anita,
Obrigadão! Então, no Palácio não tem placa nenhuma de visita. Vc só fica sabendo pelo site e pelos telefones e email que estão no texto…
Milena F.
13 de junho de 2012 at 9:37Adoros os jardins e já fui ao museu do Luxembourg, mas nunca visitei o Senado mesmo! Excelente idéia! Pena que os horários parecem um pouco limitados, e sempre com reserva! Mas pelo jeito vale a pena!
Renata Inforzato
13 de junho de 2012 at 17:35OI Milena
Então, é com reserva e é visite guidée. Visitar livremente o Senado, sem ter guia junto, só na Journée du Patrimoine. Mas, mesmo com um pouco de fila na Journée, vale a pena sim…
Wilian Bonete
19 de setembro de 2012 at 23:23Olá Renata,
enviei um e-mail para tentar agendar uma visita entre 29/10 e 03/11, mas eles não me retornaram. Será que estou fazendo algo errado?
A proposito, pelas suas fotos parece um lugar maravilhoso, eu e minha noiva estamos na expectativa!!
Abs.
Renata Inforzato
20 de setembro de 2012 at 18:16Oi Wilian
Manda outro. Se eles não responderem logo, dá uma ligada. Abraços
walter
17 de outubro de 2012 at 12:49Oi Renata.
Conversando com sua mãe, hj de manhã, bateu uma saudade.
Passeei pelo seu blog, é lindo.
Fico feliz em saber que vc está muito bem, fazendo o que gosta e quer.
Que Deus continue te abençoando.
Quando Vier passear por aqui, visite-nos.
Abraços
Walter/Marcia
Renata Inforzato
17 de outubro de 2012 at 22:34Oi Walter
Que saudade!!!!! Obrigada pelo elogio e incentivo. Também desejo tudo de bom para você e quando for para o Brasil, vou te visitar sim, com certeza. Manda um beijo para a Marcia, a Flavia, os netos e um beijão para você
Passeando pelo Jardin du Luxembourg | Direto de Paris
23 de fevereiro de 2013 at 5:17[…] jardim para matar a saudade de Florença A história do Jardin du Luxembourg começou junto com o Palácio de mesmo nome, em 1612. Maria de Médicis, viúva de Henrique IV, não gostava do Louvre, que era a […]
Gosta de natureza, queijos e templários? Então, conheça Coulommiers | Direto de Paris
12 de novembro de 2013 at 20:19[…] castelo no lugar. O arquiteto era ninguém menos do que Salomon de Brosse, o mesmo que construiu o Palais du Luxembourg para a rainha Maria de […]
Marilda
5 de março de 2014 at 1:15Oi Renata
Sempre vou ao Jardin de Luxembourg, mas nunca entrei no palácio. Vou tentar marcar uma visita na próxima ida a paris.
Bjs
Renata Inforzato
6 de março de 2014 at 8:50Oi Marilda, tomara que dê certo! É lindo lá! Obrigada por sempre estar por aqui no blog. Um beijão
Bruna
30 de março de 2015 at 17:33Oi, Renata
Entrei em contato com o pessoal do Senado e hoje em dia não dá mais pra visitar esse lugar não, infelizmente.
Olha a mensagem que recebi:
We are sorry but in application of the security measures of the plan Vigipirate all the visits are cancelled. Best regards.
Renata Inforzato
30 de março de 2015 at 18:14Oi Bruna, é que depois do atentado vários lugares ligados ao governo fecharam para visitas, mas é uma medida temporária. Por exemplo, a biblioteca do Hôtel de Ville também estava fechada e agora somente que reabriu. Vou escrever pra eles pra saber uma previsão. Um beijo e obrigada por comentar.
Gosta de natureza, queijos e templários? Então, conheça Coulommiers - Direto de ParisDireto de Paris
9 de fevereiro de 2016 at 4:58[…] castelo no lugar. O arquiteto era ninguém menos do que Salomon de Brosse, o mesmo que construiu o Palais du Luxembourg para a rainha Maria de […]
Direto de Paris - Jornalismo em Paris
2 de setembro de 2017 at 21:26[…] 5) Palais du Luxembourg – Apesar dele ser aberto para o público, não é tão fácil visitá-lo durante o ano. Mas, durante as Journées é uma das visitas mais concorridas. Chance para ver a cúpula da biblioteca pintada por Eugène Delacroix, um dos maiores pintores franceses. Chance também de saber como funciona o Senado Francês, cuja sede é ali. Para saber como é a construção por dentro e como visitá-la durante todo o ano (além das Journées), clique neste post. Endereço: 15 rue de Vaugirard – 75006 Paris. RER B: Luxembourg. Horários: das 9h30 às 17h30. Veja mais sobre a visita no post que escrevi sobre o Palais […]
Direto de Paris - Jornalismo em Paris
28 de março de 2018 at 17:44[…] para um dos quadros realizados por Rubens para a série La Vie de Marie de Médicis, destinado ao Palais du Luxembourg e que hoje está no Louvre. Após esta peripécia, Louis XIII e a mãe se reconciliam, mas […]