Bayeux

Os museus de Bayeux

17 de agosto de 2023

Last Updated on 17 de agosto de 2023 by Renata Rocha Inforzato

Bayeux é uma cidade da Normandia, turística e com uma história bem importante. E, por isso mesmo, tem excelentes museus. E neste texto você vai conhecer cada um deles.

Museus de Bayeux
Musée de la Tapisserie de Bayeux

Um dos motivos que faz com que Bayeux seja uma das cidades mais importantes da região da Normandia é o seu rico passado histórico. Na Idade Média, ela foi um centro comercial, cultural e religioso de relevância. Depois, nos séculos seguintes, desenvolveu atividades lucrativas, como a renda e a porcelana. E, já no século XX, foi a primeira cidade a ser liberada pelos Aliados, na Segunda Guerra Mundial. E também foi uma das raras cidades normandas a ser poupada dos bombardeios durante o conflito. Por isso, seu centro histórico é totalmente preservado.

Gisants
MAHB – Musée d’art et d’histoire Baron Gérard

Então, os museus de Bayeux, em conjunto, traçam toda esta história da cidade. Cada um com sua característica, abordando períodos diferentes. Todos são interessantes para quem ama História e Arte.

Museus de Bayeux
Musée Mémorial de la Bataille de Normandie

1) Musée de la Tapisserie de Bayeux
Uma das coisas que acho mais incrível em Bayeux é que uma das vedetes da cidade é uma tapeçaria de quase mil anos e que tem um museu só para ela. Tapeçaria é modo de dizer, porque, na verdade, trata-se de um grande bordado realizado em um tecido de linho que conta a conquista da Inglaterra pelo duque da Normandia. Bom, para ficar mais claro, vou explicar tudo desde o começo. Uma observação: as fotos da Tapeçaria são as que tirei nas minhas visitas e não são exatamente das cenas narradas em cada parágrafo, embora ela conte tudo isto.

Museus de Bayeux

Na Idade Média, a Normandia era governada por um duque, o duque de Normandia. No começo do século XI, o rei da Inglaterra, Ethebred II, era casado com a filha de Richard I, duque da Normandia. Só que em 1013, os escandinavos tomam o trono inglês e Ethebred e seus filhos são obrigados a se refugiar na Normandia, com o duque Richard II, cunhado do soberano inglês. Um ano depois, em 1014, Ethebred II recupera o trono, mas morre em 1016. Alguns anos e outros conflitos depois (não entrarei em detalhes aqui), em 1057, Edward, um dos filhos de Ethebred II, assume o trono. Ele fica conhecido como Edward the Confessor (Eduardo, o Confessor).

Tapisserie
Foto da Tapisserie de Bayeux

O novo reino vai durar quase 25 anos. Porém, já no final da vida, Eduardo não tem descendentes. Então, ele decide nomear o duque da Normandia como seu sucessor no trono inglês. Na época, o duque era Guillaume (Guilherme, mas vou manter o nome em francês), primo em segundo grau de Eduardo. Assim, em 1064, Eduardo encarrega o cunhado, o conde de Wessex, Harold Godwinson, de ir até à Normandia dar a notícia ao duque Guillaume de que ele seria o próximo governante da Inglaterra. É nessa parte que a Tapisserie de Bayeux começa. O rei inglês era casado com Edith, irmã de Harold.

Museus de Bayeux
Olha o rei Eduardo aí

Harold parte para executar a tarefa. Porém, seu barco é desviado do caminho e ele vai parar na Picardie, uma região que hoje fica no norte da França. Ele é capturado pelo senhor local, que exige um resgate. Guillaume, o duque da Normandia, vai então libertar Harold e os dois partem para lutar na Bretanha. Nesta parte, a Tapisserie mostra até cidades como Rennes, Dinan e o Monte Saint-Michel. Por sua bravura nas batalhas, Guillaume nomeia Harold um cavaleiro e este faz um juramento de fidelidade ao duque da Normandia, jurando sobre as relíquias da catedral de Bayeux em 1065.

Mont Saint-Michel
O Monte Saint-Michel à esquerda

Com a missão cumprida, o conde de Wessex volta para a Inglaterra e conta a viagem ao rei inglês. Algum tempo depois, em 05 de janeiro de 1066, o rei Eduardo morre. Como a gente viu, Guillaume é o sucessor legítimo. Porém, os ingleses não viam com bons olhos um normando no trono. Então, no dia seguinte aos funerais de Eduardo, a nobreza inglesa oferece o trono a Harold, que, sem pensar duas vezes, aceita. No entanto, após a sua coroação, o céu envia uma mensagem de azar ao usurpador: é a passagem do cometa Halley, e tudo isso é mostrado na Tapisserie.

Museus de Bayeux
O enterro do rei Eduardo
Coroação de Harold
A coroação de Harold
Cometa Halley
A passagem do cometa Halley

Ao ser informado da traição, Guillaume reage: ele ordena a preparação de uma frota de navios de guerra para partir para a Inglaterra. A travessia marítima acontece em 27 de setembro de 1066. E a expedição de Guillaume conta com 400 embarcações, quase 15 mil homens e dois mil cavalos.

Museus de Bayeux

Os normandos desembarcam no dia seguinte em Pevensey e vão para Hastings. Só que lá são obrigados a esperar por Harold. As tropas do rei usurpador são retidas na região de York pelos noruegueses, aliados às tropas do próprio irmão de Harold, Tostig. O rei da Noruega, Harald Hardrada, também queria o trono inglês e Tostig o apoiava.

Bordado

Depois de vencer o irmão e o rei norueguês, Harold parte para enfrentar os normandos. Na manhã de 14 de outubro de 1066, começa a batalha decisiva, a de Hastings. No começo, tudo fica meio indeciso, até o momento em que Harold é atingido mortalmente no olho direito por uma flecha. Para não ser massacrado, o exército do traidor faz uma verdadeira debandada. Assim, Guillaume é aclamado rei da Inglaterra. E fica conhecido na posteridade como Guillaume le Conquérant (Guillaume, o Conquistador).

Museus de Bayeux

A tapeçaria acaba nesta cena, de repente. Acredita-se que o final do bordado tenha sido mutilado. Afinal, já é um milagre ela ter sobrevivido quase intacta por todo esse tempo. Provavelmente, o verdadeiro final da obra seria a coroação de Guillaume como rei da Inglaterra, que aconteceu em 25 de dezembro de 1066, na Abadia de Westminster, em Londres.

Obra-prima

Mas, por que fizeram a Tapisserie de Bayeux? Com certeza, para mostrar os feitos de Guillaume le Conquérant aos seus súditos na Normandia. A obra, uma faixa de linho bordada de 50 centímetros de altura e quase 70 metros de comprimento, foi encomendada por Odon de Conteville, bispo de Bayeux e meio-irmão de Guillaume.

Medieval

De acordo com várias pesquisas, a Tapisserie de Bayeux foi confeccionada em um ou mais monastérios do sudeste da Inglaterra entre 1067 e 1070, pois Odon era também conde na região de Kent. Era exposta uma vez por ano na catedral de Bayeux, em julho, durante a festa das relíquias. O próprio Odon aparece em várias cenas da tapeçaria.

Museus de Bayeux

Por muito tempo, ela ficou conhecida como a “La Tapisserie de la Reine Mathilde” (Tapeçaria da Rainha Matilde), pois acreditava-se que a rainha da Inglaterra, esposa de Guillaume, tivesse bordado a obra junto com as damas de companhia. Outro nome antigo foi “Telle du Conquest” (Tela da Conquista).

Museus de Bayeux
Alfred Guillard, La reine Mathilde travaillant à la “Telle du Conquest” (A rainha Matilde trabalhando na Tela da Conquista), 1848.

Pelo tamanho, a técnica empregada na realização da obra e na riqueza dos detalhes das cenas mostradas, a Tapisserie de Bayeux é um verdadeiro tesouro da arte românica. São nove bandas de telas de linho, costuradas entre si e bordadas com fios de lã de oito tonalidades diferentes.

Idade Média

É uma verdadeira história em quadrinhos medieval. São cerca de 500 personagens, mais de 200 cavalos, uns 50 cachorros, além de dezenas de edifícios e barcos. Os quadros com a cenas são separados por elementos arquitetónicos ou árvores. O enredo principal, que é a conquista da Inglaterra, constitui a parte central das cenas, com o apoio de alguns comentários em latim. Elas são emolduradas por duas bordas com animais, monstros mitológicos, cenas da vida cotidiana e de fábulas de autores antigos, como as de Esopo e Fedro.

Museus de Bayeux

Apesar da narração ser de uma epopeia militar, todos os aspectos da vida cotidiana do século XI são descritos com detalhes, como a vestimenta, a navegação, o uso dos cavalos, as armas, etc. Podemos distinguir os normandos pela nuca raspada, enquanto os ingleses são cabeludos e têm bigodes. O estilo da narrativa é próxima do Trovadorismo, um gênero literário medieval que fez bastante sucesso na Europa da época. E, mesmo a narrativa sendo a favor dos normandos, os ingleses não são retratados de maneira desfavorável.

Os normandos

Mas a epopeia da Tapisserie não acaba na sua realização. Até a Revolução Francesa, ela é conservada entre os tesouros da catedral. Porém, com a chegada dos revolucionários ao poder, os bens da Igreja foram confiscados em 1790. Dois anos depois, em 1792, vários voluntários formam um batalhão para lutar pela Revolução. Os de Bayeux formam o 6 Batalhão Bis de Calvados. Eles preparam armas, carregam os veículos para transportá-las e decidem usar a Tapisserie para cobrir as carroças. Felizmente, Lambert Léonard Le Forestier, administrador do distrito de Bayeux, consegue parar o cortejo, pega a Tapisserie e a leva para casa.

Museus de Bayeux

Depois, em 1794, a obra faz parte do inventário dos bens confiscados da Igreja realizado pela Comissão das Artes de Bayeux. Mais uma vez, a Tapisserie escapa por pouco de ser destruída. Uma carta desta Comissão, de outubro do mesmo ano, conta que por pouco ela não foi cortada em tiras para a decoração de uma carroça durante uma das festas revolucionárias, que aconteciam muito nesta época. A carta diz: ““Enfim, o gênio das artes a conservou, e ela está em segurança em um de nossos depósitos nacionais, esperando ser a decoração de nosso museu”.

Duque da Normandia

Em 1803, Napoleão era o Primeiro Cônsul e resolve levar a Tapisserie de Bayeux para Paris, para uma exposição no Musée Napoléon (futuro Louvre). Como não poderia deixar de ser em se tratando de Napoleão, ele queria invadir a Inglaterra, repetindo o feito de Guillaume le Conquérant. As autoridades de Bayeux não têm outra alternativa senão deixar partir a obra, que deixa a cidade pela primeira vez desde a Idade Média. A exposição acontece em novembro e dezembro de 1803 e a obra é devolvida para Bayeux em fevereiro de 1804, sem problemas.

Museus de Bayeux

Depois de tudo isso, pensamos que a Tapisserie de Bayeux fosse ficar tranquila. Não, longe disso! Em 1940, a França é ocupada pelos alemães e eles se interessam logo pela “tapeçaria”. Eles encomendam um estudo dirigido por Herbert Jankuhn, que era especialista em vikings, mas também oficial nazista. Então, ela é levada para a abadia de Mondaye, ali na região, onde é estudada de 23 de junho a 1 de agosto de 1941.

Conquista da Inglaterra

A intenção dos alemães é realizar um livro sobre a Tapisserie, que seria publicado pelo Instituto Alemão de Arte (Institut Allemand de l’Art), em Paris. De volta para Bayeux, a obra é em seguida levada para o Château de Sourches, no departamento de Sarthe, mais a oeste na França. Mas o verdadeiro objetivo dos alemães é levar a Tapisserie para a Alemanha.

Dol-de-Bretagne
A cidade de Dol-de-Bretagne à direita

Com esta finalidade, em 26 de junho de 1944, ela chega a Paris e é guardada no Louvre. Porém, a liberação da capital francesa pelos Aliados, que começa em 19 de agosto do mesmo ano, torna o transporte da obra muito arriscado. Por fim, já nas mãos dos franceses, a Tapisserie de Bayeux é exposta em Paris entre novembro e dezembro de 1944 e volta para Bayeux em 1945.

Harold serment
Harold, no centro de azul, faz o juramento a Guillaume (à esquerda, sentado)

Por fim, no começo dos anos 1980, é decidida a criação do Centre (centro) Guillaume le Conquérant no Grand Séminaire de Bayeux (Grande Seminário), que estava vago desde 1969. A Tapisserie, que estava na biblioteca municipal, no Hôtel du Doyen, seria abrigada no novo centro.

Museus de Bayeux

Harold, de volta à Inglaterra, conta a viagem ao rei Eduardo

Então, no final de 1982, ela é estudada por uma equipe de especialistas durante três meses. Foi provado que ela é realmente uma obra medieval, realizada antes de 1070 e restaurada entre os anos 1850 e 1875. Em 31 de janeiro de 1983, a Tapisserie de Bayeux foi instalada, junto com a biblioteca, no antigo seminário, que foi reformado especialmente para recebê-la. Em 2007, a obra foi inscrita na lista da UNESCO de “Memórias do Mundo”.

Tapeçaria

Museus de Bayeux
A Tapisserie de Bayeux é longa, mas você não vê o tempo passar na visita

O Musée de la Tapisserie de Bayeux tem a obra como a atração principal. Podemos ver a Tapisserie inteira, com uma iluminação especial, e acompanhada por explicações em francês e inglês (ou um suporte multimídia). Acompanhamos as cenas como se estivéssemos lendo uma história em quadrinhos. Mas o museu não acaba aí. Uma exposição permanente em outras salas mostra o contexto em que a obra foi criada, com explicações sobre as profissões da época, os ateliês, os materiais e técnicas usados. É bem interessante.

Musée de la Tapisserie de Bayeux

Musée de la Tapisserie de Bayeux
13 bis rue de Nesmond
14400 Bayeux
Telefone: + 33 2 31 51 25 50 (se ligar de um telefone francês, use o 0 antes do número e não precisa digitar o 33).
Aberto todos os dias, de 1 de fevereiro a 31 de dezembro.
Fechado em 24 de dezembro depois do meio-dia, 25 de dezembro, 31 de dezembro depois do meio-dia e de 1 a 31 de janeiro.
Horários: de 1 de fevereiro a 30 de abril, das 9h às 18h30. De 1 de maio a 31 de agosto, das 9h às 19h. De 01 de novembro a 28/29 de fevereiro, das 9h30 às 12h30 e das 14h às 18h.
Tarifa: 12 euros. Reduzida: 7,50 euros. Gratuito para crianças menores de 10 anos.
Pass Musées (Passe de Museus) – 2 museus: 14 euros. Reduzida: 10 euros. Passe para 3 museus: 16 euros. Reduzida: 13,50 euros.

Museus de Bayeux

2) Musée d’art et d’histoire Baron Gérard – MAHB
É o museu de Arte e de História de Bayeux. Está instalado no antigo palácio episcopal e existe desde 1900. Mas foi só em 1951 que recebeu o nome de seu benfeitor, o barão (baron) Gérard, tornando-se Musée Baron Gérard.

Musée Baron Gérard

Henri-Alexandre Gérard (1818-1903) foi um deputado da região de Calvados (departamento onde fica Bayeux) de 1881 até 1902. O título de barão era de seu tio, o pintor neoclássico François Gérard. Mas em 1870, bem depois da morte deste parente, Henri-Alexandre obteve autorização para usá-lo. Apaixonado por arte, o barão Gérard publicou várias obras sobre o tio e foi um colecionador. Foi ele que doou 37 obras à cidade de Bayeux, dando origem ao museu.

Museus de Bayeux

Entre 2001 e 2013, foi ampliado e renovado e passou a se chamar MAHB, Musée d’Art et d’Histoire Baron Gérard. É um museu bem interessante e completo, com mais de 5 mil objetos que retratam 5 mil anos de História em 14 salas. Há uma bela coleção de arqueologia, que mostra como era a vida em Bayeux e em toda a região do Bessin (região histórica e natural da qual a cidade faz parte) desde a Pré-História.

Museus de Bayeux

Temos objetos encontrados nas escavações das antigas necrópoles e cidades da região, como adereços, moedas, coisas de uso cotidiano. Há, também no museu, partes de portais, pedras tumulares e estátuas antigas, por exemplo.

Objetos necrópoles
Objetos encontrados em várias necrópoles de Bayeux e região

Um dos destaques é a reconstituição de uma parte da decoração de uma domus galo-romana (residência senhorial) do século I. O conjunto foi encontrado em 1995, durante uma escavação arqueológica em Bayeux. A parte melhor conservada provém das paredes de um cômodo de cerca de 10 metros quadrados. Pelos estudos realizados, acredita-se que as peças pertenciam a uma residência rica do último quarto do século I d.C. A palavra “galo-romana” se refere à época em que os romanos dominaram a Gália (onde hoje fica, entre outros países, a França).

Domus romana

A coleção de belas-artes também é bem rica. Há quadros de François Gérard (1770-1837), que era tio do benfeitor do museu. Atuando durante a Revolução, o Império e a Restauração da Monarquia, François Gérard era um pintor neoclássico. Próximo do poder, fez muitos retratos dos soberanos europeus da época. Ele era, inclusive, conhecido pelos contemporâneos como “O pintor dos reis e o rei dos pintores”. Tendo retratado Louis XVIII em 1814, se torna primeiro pintor do soberano e, em 1819, recebe o título de Barão (que, como escrevi acima, anos depois será concedido ao sobrinho, o Baron Gérard que dá nome ao museu).

Museus de Bayeux
François Gérard – Portrait du docteur Antoine Dubois (Retrato do doutor Antoine Dubois), 1804

A maioria do acervo de belas-artes engloba artistas que vão do século XVII até o século XX. Há obras de Philippe de Champaigne, François Boucher, David II Terniers, Jacques-Louis David, entre outros. Entre as esculturas, vemos um busto realizado por Jean-Jacques Flatters de Mademoiselle George, uma atriz francesa famosa no final do século XVIII e no XIX, que nasceu em Bayeux.

Philippe de Champaigne
Philippe de Champaigne, Têtes de saint Pierre et de saint Paulo (Cabeças de são Pedro e de são Paulo), 1657-1660
François Boucher
François Boucher – La Cage, 1763
quadro de David
Jacques-Louis David – Le philosophe (O filósofo), 1779
Museus de Bayeux
Jean-Jacques Flatters – Mademoiselle George dans le rôle d’Agrippine (Mademoiselle George no papel de Agripina), 1818

Outro destaque da coleção são duas obras de Gustave Caillebotte, pintor impressionista francês. São elas: Portraits à la campagne (1876) e Paysage à Argenteuil (1889). Podemos ver também quadros de mais pintores do século XIX que adoravam retratar paisagens, como Eugène Boudin, Camille Corot e outros.

Museus de Bayeux
Gustave Caillebotte – Portraits à la campagne (Retratos no campo), 1876
Eugêne Boudin
Eugène Boudin – Rue de Fervaques, 1881
Camille Corot
Camille Corot – Paysage aux trois peupliers (Paisagem com três álamos)

O século XX está representado com nomes, como Maurice Utrillo. Suzanne Duchemin, Claude Quiesse, Roland Lefranc, Jacques Deshaies (os três últimos artistas da região), etc.

Museus de Bayeux
Suzanne Duchemin – Portrait de dame au petit chien blanc (Retrato de dame com pequeno cachorro branco).
Jacques Deshaies
Jacques Deshaies – Épreuve technique (Prova técnica)
Museus de Bayeux
Roland Lefranc – Paysage (Paisagem), 1965.

Por contar a história de Bayeux, o MAHB também tem uma bela coleção com objetos de atividades que marcaram a cidade. É o caso da renda de Bayeux (dentelle de Bayeux). No museu, vemos peças lindíssimas confeccionadas pelas rendeiras. Junto com explicações que mostram como era organizada a atividade e como era o trabalho das mulheres que se dedicavam a esta profissão. A renda de Bayeux é uma renda de bilros, de extrema delicadeza, que vive hoje graças às atividades mantidas pelo Conservatoire de la Dentelle, ali do lado do museu.

renda

Museus de Bayeux
Leque do começo do século XX

O trabalho com renda começou no século XVII em Bayeux. Um religioso, o bispo da cidade, François de Nesmond, queria uma ocupação para as mulheres pobres atendidas pelos seus estabelecimentos de caridade. Com o tempo, a atividade é estendida para outras mulheres, que trabalham em suas casas para manufaturas privadas. A renda de Bayeux alcança sucesso e é exportada para o mundo todo a partir do século XIX. Porém, em 1932, a principal manufatura familiar, a Maison fundada por Auguste Lefébure, é obrigada a fechar por causa da concorrência da produção industrial.

Dentelle

Museus de Bayeux
Amostras da Maison Lefébure

Bayeux também foi a terra da porcelana. Sua história na cidade começa com a descoberta de reservas de caulim na região. Caulim é o mineral usado na fabricação de porcelana. Em 1812, Pierre Joachim Langlois compra o antigo convento das beneditinas para instalar ali uma fábrica. No início, ele começa realizando peças de imitação de porcelana chinesa, o que alcança bastante sucesso.

Porcelana de Bayeux

Museus de Bayeux

Com o tempo, aparecem outros tipos de decorações, como a maçã, um dos símbolos da Normandia, por exemplo. Uma característica da porcelana de Bayeux é que ela suporta altas temperaturas e, por isso, foi bastante usada na indústria e laboratórios químicos. Depois da família Langlois, duas outras famílias se sucedem no comando da fábrica: a família Gosse e a família Morlent. A atividade vai até 1951, quando, afetada pela Segunda Guerra Mundial, a empresa é obrigada a fechar.

vitrine com porcelanas

Museus de Bayeux

Hoje, o melhor meio de conhecer a porcelana de Bayeux é no Musée Baron Gérard. Ele abriga diferentes conjuntos desta porcelana, com os mais variados desenhos. É bem completo. E junto com as peças, há explicações sobre a cronologia da atividade na cidade, suas técnicas de fabricação e suas características.

Objetos valiosos

Museus de Bayeux

Outra atividade em destaque no MAHB é a fotografia. O museu tem uma parte dedicada a um estúdio fotográfico de Bayeux, que era mantido pela família Leprunier. Sua atividade começa em 1880 e acaba em 1956, tendo três gerações à frente do negócio: Jules François, Eugène Joseph e Léon Jules.

Fotografia

Museus de Bayeux

Os fundos do museu, com mais de 10 mil negativos e muitas fotos, acompanham a democratização da fotografia, tanto a título profissional quanto privado. Vemos nas imagens o cotidiano da região, as festas, cenas de rua, a arquitetura das casas e monumentos, as profissões de cada época, etc. É a história de Bayeux e região contada em imagens.

fotos preto e branco

Por fim, o próprio Palais Épiscopal, onde está instalado o museu, é uma joia da arquitetura e decoração. Construído entre os séculos XI e XVIII, ele tem belos cômodos. Como ele também foi um tribunal, temos a Salle des Audiences (Sala das Audiências), onde vemos, junto com a mobília e decoração originais, retratos de pessoas da cidade que atuaram ali.

Salle des Audiences

Museus de Bayeux

Retrato
École Française – Portrait de François Crespel. (Escola Francesa, Retrato de François Crespel), advogado e prefeito de Bayeux de 1759-1760.

Outro cômodo é a capela do século XVI. Ela foi construída por iniciativa do bispo de Bayeux, Lodovico Canossa, que era italiano, no estilo do Renascimento normando. No século seguinte, o teto recebeu uma bela pintura, que mostra um concerto de anjos. No centro, está o brasão do bispo que a encomendou, Monsenhor Jacques d’Angennes. No século XIX, a capela se tornou a sala de deliberação do tribunal, quando recebeu mais elementos decorativos, como as boiseries, os móveis e os quadros colocados nos espaços laterais.

Museus de Bayeux
O teto da capela

Museus de Bayeux

Musée d’art et d’histoire Baron Gérard – MAHB
37 rue du Bienvenu
14400 Bayeux
Telefone: + 33 2 31 51 25 50 (Se telefonar de um telefone francês, tire o +33 e coloque um zero antes do 2).
Aberto todos os dias, de 1 de fevereiro a 31 de dezembro.
Fechado em 24 de dezembro, depois do meio-dia, 25 de dezembro, 31 de dezembro depois do meio-dia e de 1 a 31 de janeiro.
Horários: de 1 de fevereiro a 30 de abril e de 01 de outubro a 31 de dezembro, das 10h às 12h30 e das 14h às 18h. De 1 de maio a 30 de setembro, das 9h30 às 18h30.
Tarifas: 7,50 euros. Reduzida: 5,50 euros. Gratuito para menores de 10 anos.
Pass Musées (Passe de Museus) – 2 museus: 14 euros. Reduzida: 10 euros. Passe para 3 museus: 16 euros. Reduzida: 13,50 euros.

Sala do museu

3) Musée Mémorial de la Bataille de Normandie
O museu atual foi inaugurado em 2006 e a localização não poderia ser melhor, já que Bayeux foi a primeira cidade da França a ser libertada pelos Aliados, em 7 de junho de 1944.

Museus de Bayeux

A série de combates que aconteceram na região ficou conhecida como Batalha da Normandia. E foi longe de ser um evento curto. Ela durou mais de 70 dias, mobilizou, ao menos, dois milhões de soldados e foi decisiva para a vitória contra os nazistas. O seu início foi o desembarque dos soldados aliados nas praias da região, em 6 de junho de 1944, e o final foi em 25 de agosto, com a liberação de Paris. A última cidade da Normandia a ser libertada foi o Havre, em 12 de setembro de 1944.

Museus de Bayeux

Assim, o Musée Mémorial é dedicado à Batalha da Normandia e retraça todas as etapas deste conflito, de maneira cronológica e temática. A coleção do museu é bem completa. Há vários tipos de uniformes e veículos militares, armas e até objetos do cotidiano dos soldados, tanto dos Aliados quanto dos nazistas.

Uniformes de soldados

Guerra mundial

Tudo isso enriquecido com fotos, documentos, mapas, maquetes, recortes de imprensa e explicações detalhadas sobre a Europa, a França e a Normandia na época e o desenrolar da guerra. Há também bastante filmes documentários e áudios com relatos que nos fazem mergulhar diretamente na Batalha da Normandia.

Museus de Bayeux
Equipamento de comunicação dos alemães
Moto alemã
Motocicleta alemã
canhão alemão
Canhão alemão

Há uma parte dedicada ao general Charles de Gaulle, líder da resistência francesa. É em Bayeux que ele faz o primeiro discurso da França livre, em 14 de junho de 1944, e lança as bases da reconstrução do país. A cidade foi, inclusive, escolhida pelo general para ser, durante algumas semanas, a “Capital territorial do governo provisório da República”.

Museus de Bayeux
Um pouco da parte dedicada ao general de Gaulle

O museu também guarda bastante fotos e outros objetos dos campos de concentração, principalmente do Campo de Mauthausen, na Áustria. Há explicações de como funcionavam esses lugares e até do trabalho forçado dos prisioneiros em fábricas alemãs e austríacas.

Campo de concentração

Museus de Bayeux

Outra parte é dedicada ao trabalho dos fotojornalistas, em especial de Robert Capa. Vemos fotos realizadas por ele durante a época da guerra e uma amostra de como era o equipamento dos profissionais que cobriam o conflito. E, há, ainda, uma seção dedicada a Bayeux, que, além de ser a primeira cidade liberada pelos Aliados, foi milagrosamente poupada dos bombardeios e, por isso, tem o seu centro histórico medieval preservado, uma raridade por esses lados.

Museus de Bayeux

Robert Capa

Musée Mémorial de la Bataille de Normandie
Boulevard Fabian Ware
14400 – Bayeux
Telefone: + 33 2 31 51 25 50 (Tire o + 33 e coloque um zero antes do número se for ligar de um telefone francês).
Aberto todos os dias, de 01 de fevereiro a 31 de dezembro.
Fechado em 24 de dezembro depois do meio-dia, 25 de dezembro, 31 de dezembro depois do meio-dia e de 1 a 31 de janeiro.
Horários: de 1 de fevereiro a 30 de abril e de 1 de outubro a 31 de dezembro, das 10h às 12h30 e das 14h às 18h. De 01 de maio a 30 de setembro, das 9h30 às 18h30.
Tarifa: 7,50 euros. Reduzida: 5,50 euros. Gratuito para menores de 10 anos.
Pass Musées (Passe de Museus) – 2 museus: 14 euros. Reduzida: 10 euros. Passe para 3 museus: 16 euros. Reduzida: 13,50 euros.

Museus de Bayeux

Todos os museus de Bayeux são importantes, pois, como vimos, cada um retrata uma época e um aspecto diferente da história da cidade. Então, para quem tem pouco tempo de visita, aconselho a escolher aquele que mais tem a ver com o gosto pessoal ou com o período histórico preferido. Para saber mais sobre a cidade, suas atrações turísticas e outras sugestões nos arredores, entre no site do Office de Tourisme de Bayeux

Canhão britânico
Canhão britânico – Musée Mémorial de la Bataille de Normandie

Como ir até Bayeux:
Em Paris, da estação Saint-Lazare, pegar o trem e descer na estação de Bayeux. A viagem dura mais ou menos duas horas e meia. Mais informações, como horários e preços, veja o site da SNCF Connect. Para ir de carro, consulte o Via Michelin.

Museus de Bayeux
Musée d’art et d’histoire Baron Gérard – MAHB

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Renata Rocha Inforzato

Sou de São Paulo, e moro em Paris desde 2010. Sou jornalista, formada pela Cásper Líbero. Aqui na França, me formei em História da Arte e Arqueologia na Université Paris X. Trabalho em todas essas áreas e também faço tradução, mas meu projeto mais importante é o Direto de Paris. Amo viajar, escrever, conhecer pessoas e ouvir histórias. Ah, e também sou louca por livros e animais.

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