Newsletter Direto de Paris #14

Newsletter 14
A Fondation Louis Vuitton, em Paris

 

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Este mês começa a primavera na França, mais precisamente no dia 20 de março. Apesar do país ter bastante atividade no inverno, é a partir da estação das flores que por aqui começa a borbulhar de eventos. Há muitas atrações que fecham no inverno e abrem na primavera. A casa e o jardim de Monet, em Giverny, é um exemplo. Esta, que é uma das atrações turísticas mais visitadas da França, fechou em novembro e reabre agora em 1 de abril. A primavera é uma ótima época para visitar qualquer região do país. As temperaturas começam a ficar agradáveis e os preços são bem mais baratos do que no verão. Se você acompanha o site aqui, fique atento(a), pois vou publicar várias matérias com sugestões para conhecer lugares que ficam ainda mais belos a partir da primavera. Para viajar sem sair de casa ou anotar para a próxima viagem. E agora, em homenagem ao Oscar e ao César (a premiação francesa), que acontecem em março, vamos saber um pouquinho mais sobre o cinema na França.

 

O cinema francês e sua história

 

Como este mês o tema geral é cinema, nada melhor abordar o assunto dentro da perspectiva do site, ou seja, falando sobre a França. Então, vamos conhecer um pouco sobre a história do cinema francês.

Em 28 de dezembro de 1895, os irmãos Auguste e Louis Lumière organizam a primeira projeção cinematográfica paga e aberta ao público de dez dos filmes realizados por eles. O lugar escolhido é o subsolo do Grand Café, em Paris. Era o começo do cinematógrafo, um aparelho patenteado por eles, que associava as funções de máquina de filmar, revelação de espécie de películas e projeção. Uma máquina de projeção de filmes, o cinetoscópio, já havia sido inventada pelas empresas de Thomas Edison alguns anos antes, em 1891. Já a partir de 1897, Georges Méliès, um profissional do espetáculo, cria o primeiro estúdio, onde são rodados mais de 600 filmes. Na época, os cenários eram pintados e os filmes pintados à mão.

É Charles Pathé que torna o cinema mais profissional a partir de 1905. É o ano em que ele contrata Max Linder, que seria considerado a primeira grande estrela cinematográfica por aqui. Já Louis Feuillade, contratado em 1914, é então considerado o melhor cineasta francês. A Primeira Guerra é um golpe duro para o cinema na França, pois, como era de se esperar, o país passa por grandes dificuldades financeiras. Mas o conflito também é um caldeirão de ideias e reflexões. Logo após a guerra, nasce um debate sobre a estética cinematográfica, com a elaboração de uma escola impressionista francesa para ser contraponto com o expressionismo alemão. Logo após o armistício, Abel Gance faz muito sucesso com J’accuse, um filme contra a guerra. Na mesma época, também se desenvolvem as adaptações de obras de escritores franceses, como as de Émile Zola ou Victor Hugo, por exemplo. É assim que começam cineastas como Jean Renoir, filho do pintor Auguste Renoir,  e Julien Duvivier, entre outros.

 

Irmãos Lumière
Auguste Lumière (1862-1954) e Louis Lumière (1864-1948). Fonte: Institut Lumière

 

Nos anos 1930, a chegada do cinema falado muda tudo. Novas profissões aparecem, como engenheiros de som, dialoguistas, músicos. Os atores e atrizes precisam ter agora, além de um rosto expressivo, uma voz adequada. Jean Gabin, um dos maiores atores franceses de todos os tempos, começa bem nesta época. Outros nomes famosos que começaram a carreira nestes anos, só para citar alguns, são Arletty, Michèle Morgan e Louis Jouvet. A partir de 1936, vemos o apogeu do realismo poético: os filmes são rodados em estúdios e os diálogos cada vez mais complexos e importantes. Durante a Segunda Guerra, a produção cinematográfica francesa não para, embora vários filmes sofram com a censura. Um exemplo é La règle du Jeu, filme censurado em 1939, de Jean Renoir. Em 1939, é criado o Festival de Cannes, mas ele é adiado por causa da guerra e sua primeira edição acontece em 1946.

As salas de cinema conhecem uma grande lotação a partir dos anos 1950. No final da década, acontece uma revolução no cinema francês. É quando surge a Nouvelle Vague. É um grupo de jovens cineastas franceses anti-conformistas, isto é, criticam e desejam mudar as regras bem estabelecidas do cinema francês e de suas técnicas de produção. Eles condenam a distância entre o que é representado nos filmes e a realidade. É a emergência do cinema autoral (cinéma d’auteur). A maioria destes cineastas tem cerca de 30 anos e escreve para publicações como Les Cahiers du Cinéma, criada em 1951. Com a chegada de equipamentos mais modernos, como, por exemplo, as câmeras mais leves, eles mudam a “cara” do cinema francês: as filmagens deixam os estúdios para ganhar a rua. Assim, acabam-se também os cenários muito trabalhados, as histórias rebuscadas e de diálogos complexos. A hora é de histórias simples, mais naturais, às vezes autobiográficas e improvisadas. Com orçamentos pequenos, a Nouvelle Vague produziu grandes nomes, tais como François Truffaut, Jean-Luc Godard e Claude Chabrol, por exemplo. É a época de filmes como Le Mépris (1963), de Jean-Luc Godard, com Brigitte Bardot; Hiroshima mon amour, de Alain Resnais, entre outros.

 

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Já no final da década de 1960, os acontecimentos de maio de 68 vão produzir um cinema mais político, fazendo com que os cineastas mais uma vez reflitam sobre o que é fazer cinema. Esta época, que vai até o começo dos anos 1980, é marcada por uma pluralidade na realização de filmes. Há o cinema “mais central” e um grupo de cineastas mais “periféricos”, que são mais abertos à experimentação. Um filme bem famoso desta época é À nos amours, filme de Maurice Pialat, que estreou em 1983. Em 1976, começa a premiação do César, organizada pela Académie des arts et techniques du cinéma.  Infelizmente, é neste período também, mais precisamente a partir da década de 1970, que a frequentação das salas começa a diminuir e o cinema francês entra em crise. Em meados dos anos 1980, acontece até uma diminuição de filmes na TV como forma de estimular a ida às salas de cinema. As emissoras de televisão começam, também nesta época, a financiar vários filmes para o cinema.

Após um período de baixa, o cinema francês conhece um renascimento a partir de 1993. O filme Visiteurs, de Jean-Marie Poiré, do mesmo ano, se torna o maior sucesso em 25 anos. A história vai ter até uma continuação, chamada Les Couloirs du temps : Les Visiteurs 2, de 1998. Nos anos 2000, os bons ventos do cinema na França continuam. Um exemplo é o filme Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain, do diretor Jean-Pierre Jeunet, de 2001, que fez sucesso até no Brasil. Em 2008, um outro filme bateu vários recordes aqui na França: Bienvenue chez les Ch’tis, realizado por Dany Boon, que brinca com a rivalidade e diferenças culturais entre o norte e sul do país (se você não viu, veja). A década seguinte produz outros êxitos, como Intouchables, de Olivier Nakache e Éric Toledano, lançado em 2011 e que teve até versão norte-americana. Outro filme bem conhecido até no Brasil é La Famille Bélier, de Éric Lartigau, que estreou em 2014 e foi sucesso mundial. Aliás, Coda, o filme que ganhou o Oscar no ano passado, é uma versão da Famille Bélier feita pelo cinema americano (e o francês é bem melhor). 

 

Amélie Poulain

 

Hoje, a produção de filmes franceses ainda é grande e as realizações são bem acolhidas pelo público. Há tanto filmes mais de “arte” quanto aqueles com um ritmo mais “cinema americano”. O cinema francês, que produziu estrelas de renome mundial, tais como Catherine Deneuve, Brigitte Bardot, Alain Delon, continua a lançar nomes como François Cluzet, Daniel Auteuil, Audrey Tautou, Marion Cotillard, Omar Sy, que também ganharam fama no mundo todo. Uma coisa ótima por aqui é que mesmo filmes ditos “cultos” são acessíveis em salas de cinema comuns. Outra boa ideia são as cartas de cinema ilimitadas, implantadas pelas grandes redes. Elas custam em torno de 20 euros por mês e você vai quantas vezes quiser. Geralmente, elas valem para as salas da rede que você escolheu e também para a maioria dos cinemas independentes, no caso de Paris. É um meio de evitar que as salas esvaziem depois da chegada da internet e, principalmente, do streaming.

 

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Salas de cinema no Quartier Latin, em Paris

 

Para quem gosta de cinema!


Eiffel (Eiffel)
Ano de estreia: 2021
Direção: Martin Bourboulon
Onde assistir: Amazon Prime

Como o nome diz, o filme é centrado na vida de Gustave Eiffel, arquiteto da Torre Eiffel. Mais precisamente na época onde ele recebe a encomenda deste monumento para a Exposição Universal de 1889. No começo reticente, Eiffel aceita a empreitada, que está longe de ser fácil. 

O filme é muito bem construído na caracterização da época. Claro que, como a maioria das obras históricas, há liberdades criativas, senão seria um documentário. Mas a narrativa é bem fiel quando mostra as dificuldades na construção do monumento, como o terreno inadequado, o prazo relativamente curto, a oposição que ela provoca e as angústias do próprio Gustave Eiffel. Bem construído, Eiffel conta com Romain Duris no papel principal. Ele é um dos melhores atores franceses da atualidade e ficou famoso principalmente em Albergue Espanhol, de 2002.

 

Eiffel

 

 

Personagem

Sarah Bernhardt – O monstro sagrado da dramaturgia francesa

 

Sarah Bernhardt é, até hoje, uma das mais importantes e completas atrizes francesas. Com suas atuações em cena e seu engajamento a diversas causas na vida real, é um personagem importante na cultura da França. E justamente agora em março comemoramos o centenário de sua morte.

Sarah Marie Henriette-Rosine Bernhardt nasceu em 22 de outubro de 1844 em Paris. Sua mãe, Judith-Julie Bernardt, era uma cortesã holandesa e o pai por muito tempo foi desconhecido. Após algumas pesquisas, hoje sabemos que o pai de Sarah era Edouard Viel, originário do Havre, na Normandia, que havia sido preso por malversação financeira. A infância da garota foi muito solitária. Ela vivia com uma babá na região de Quimperlé, na Bretanha, e por algum tempo só falou bretão (a língua da região). Algum tempo depois, Sarah é enviada para um convento em Versailles, nos arredores de Paris. Ela também tem aulas de pintura e escultura graças à ajuda de um amante de sua tia, o duque de Morny.

É durante a encenação de uma peça no convento que a jovem descobre seu gosto pela interpretação. Assim, ainda graças ao duque, Sarah entra para o Conservatoire d’Art dramatique de Paris (Conservatório de Arte Dramática) em 1859 e, três anos depois, vai para a Comédie Française. Aos vinte anos, ela dá à luz seu único filho, Maurice, fruto de uma relação da atriz com um príncipe belga, Henri de Ligne. De temperamento “rebelde”, em 1866, é expulsa da Comédie por ter esbofeteado um homem. Então, a jovem atriz assina um contrato com o Théâtre de l’Odéon, onde começa a ser conhecida. Em 1870, durante o cerco de Paris, ela faz do teatro um hospital militar. Quando a paz volta, voltam também as representações teatrais e o triunfo de Sarah. Um de seus grandes sucessos é o papel de rainha na peça Ruy Blas, de Victor Hugo, encenada por ela em 1872. O próprio Victor Hugo a cumprimenta por sua interpretação e a chama de “voz de ouro”.

 

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Sarah Bernhardt, fotografada por Félix Nadar em 1864. Domínio Público

 

O sucesso de Sarah faz com que ela seja chamada de volta à Comédie Française. Os triunfos continuam, principalmente com as peças Phèdre (de Jean Racine), encenada em 1874, e Hernani, de Victor Hugo, encenada em 1879. Outros apelidos aparecem, como “A divina” e “Imperatriz do teatro”. Certa de seu sucesso, Sarah pede demissão da Comédie e cria sua própria companhia de teatro em 1880. A partir de então, ela viaja para se apresentar em Londres, em Copenhague, nos Estados Unidos e na Rússia. O sucesso dela é cada vez maior, sendo a primeira atriz a triunfar nos cinco continentes (pois mais tarde ela vai também para o Chile, Peru e Austrália). Jean Cocteau, poeta, pintor e cineasta francês, a chama de “Monstro Sagrado”. E Sarah também ousa ao interpretar papéis masculinos, como Hamlet. Dizem que ela utilizou bastante na peça o resultado das aulas de esgrima da adolescência. Edmond Rostand, um escritor e dramaturgo francês, se inspira em Sarah para escrever a peça l’Aiglon, em 1900.

Em 1893, a atriz assume a direção do Théâtre de la Renaissance, em Paris. Ela é, então, completamente livre para escolher as peças e personagens para interpretar. Vários de seus sucessos são encenados de novo em novas montagens, como Phèdre, por exemplo. E outras peças são representadas pela primeira vez, como Gismonda, de Victorien Sardou. Ela fica neste teatro até 1899. Neste mesmo ano, Sarah se torna diretora do Théâtre des Nations, que ela muda o nome para Théâtre Sarah-Bernhardt. Seu sucesso continua, a ponto de, em 1896, receber uma homenagem (jantar e baile) das pessoas mais influentes da Paris da época.

Sarah é um dos exemplos da mulher livre da Belle-Époque e até depois. Não sabemos muito de sua vida amorosa, mas o pouco que se sabe é que ela teve vários amantes, sendo o pintor Gustave Doré um deles. Ela também tomou várias posições políticas consideradas progressistas na época. Por exemplo, Sarah apoiou Louise Michel em sua luta contra a pena de morte. Ela é também uma das primeiras personalidades a mostrar sua vida cotidiana e privada e a associar sua imagem e estilo de vida a produtos de marca. Seu estilo e silhueta inspiram a moda e a arte, inclusive a Art Nouveau. A partir de 1894 e durante alguns anos, ela faz uma parceria com o pintor Alphonse Mucha para que ele desenhe os cartazes de suas peças. 

 

Gustave Doré
Gustave Doré (1832–1883) – Portrait de Sarah Bernhardt, 1870. Localização desconhecida. Domínio Público.

 

Mas ela não para por aí: em 1900, Sarah começa no cinema, no filme Le Duel d’Hamlet, sendo uma das pioneiras na nova arte. Ela vai participar de outros filmes, dois deles autobiográficos. Um deles é Sarah Bernhardt à Belle-Île, de 1912, que descreve seu cotidiano. No mesmo ano, a atriz vai aos Estados Unidos para fazer um lifting, técnica que era então novidade. Mas o procedimento dá errado e os resultados são corrigidos na França por Suzanne Noël. 

Em 1914, ela é condecorada com a Legião de Honra, por ter difundido a Língua Francesa no mundo e também por ter sido enfermeira durante a guerra de 1870-1871 contra a Prússia. Nesta época seus problemas de saúde se agravam. A atriz sofria de tuberculose nos ossos do joelho e, por causa disso, teve que amputar a perna direita em fevereiro de 1915. A operação aconteceu em Bordeaux, pois Sarah estava passando uma temporada em Andernos-les-Bains, na margem do Bassin d’Arcachon (uma laguna perto da costa do Oceano Atlântico), para fugir da guerra em Paris. Mas ter a perna amputada não a impede de atuar, sentada, e nem de visitar os soldados franceses (carregada em uma cadeira). Ela se recusa a usar uma perna de madeira ou uma prótese de celulóide. 

Uma curiosidade é que por ter estudado escultura e pintura, Sarah Bernhardt realiza obras que hoje são parte do acervo de vários museus na França e nos Estados Unidos. Como, por exemplo, Buste de Victorien Sardou, um bronze de 1900, que hoje faz parte da coleção do Petit Palais, em Paris. Ela também tem obras no Musée d’Orsay, Musée Carnavalet (ambos na capital francesa), e na Fondation Bemberg, em Toulouse. Nos Estados Unidos, suas obras estão no National Museum of Women in the Arts, em Washington, e no Metropolitan Museum, em Nova York. Após uma vida cheia de sucesso, Sarah morre em 26 de março de 1923, de insuficiência renal aguda, em Paris. Sua sepultura está no cemitério Père-Lachaise

 

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Sarah Bernhardt fotografada por Henry Walter Barnett, em 1910. Domínio público.

 

Para Passear

 

Sarah Bernhardt no Petit Palais – Paris

 

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Uma das salas do Petit Palais

 

É um dos museus mais interessantes de Paris, cheio de obras-primas na sua coleção, cuja visita é gratuita. Ali vemos obras de arte desde a época greco-romana até o começo do século XX. Tem obra de Claude Monet, Auguste Renoir, Eugène Delacroix, Auguste Rodin, só para citar alguns gênios. Além das pinturas, gravuras, esculturas, há uma bela coleção de móveis dessas épocas (até começo do século XX), além da própria decoração das salas ser um espetáculo, com pinturas nos tetos, boiseries, etc. Cada sala do museu é um espetáculo de beleza e vale a visita. E ainda tem as exposições temporárias (pagas), que são bem interessantes.

E uma das exposições temporárias de 2023 é justamente sobre Sarah Bernhardt. Intitulada “Et la femme créa la star” (E a mulher criou a beleza), a exposição reúne cerca de 400 obras que retraçam a carreira desta mulher excepcional, que foi não somente atriz, mas dramaturga, pintura e escultora. São retratos e esculturas de Sarah realizados por vários artistas, fotografias dela, tanto de encenações como de seu cotidiano. E a face menos conhecida da atriz também é mostrada: algumas das obras que ela realizou estão na exposição. Lembrando que o Petit Palais tem esculturas de Sarah em seu acervo. Outra parte do percurso da exposição vai mostrar objetos e móveis que pertenceram a esta grande dama das artes francesas. De 14 de abril a 27 de agosto. Mais informações, você pode ver aqui. Se quiser saber mais sobre o Petit Palais, veja esta matéria bem completa aqui no site.

 

Expo Sarah Petit Palais

 

 

Sarah Bernhardt em Belle-Île-en-mer, Bretagne

 

Belle-Île-en-mer é uma ilha da região da Bretagne (Bretanha) que já vale a visita por suas belas paisagens. É uma paisagem mais linda do que a outra. E foi a beleza do lugar que atraiu Sarah Bernhardt, que passava temporadas ali e até rodou um filme. Ela descobriu a ilha em 1894, aos 50 anos. E um cantinho especial a fez se apaixonar: um forte militar construído em 1846 para defender a ilha e então desativado, localizado na Pointe des Poulains, na extremidade sul de Belle-Île. Logo, Sarah compra a propriedade, a transforma em residência, e ali passa as altas temporadas durante mais de vinte anos, acompanhada de amigos e artistas. Ela só vendeu o lugar em 1922, pois seu estado de saúde já era frágil e era difícil ir até lá. Desde o ano 2000, a Pointe des Poulains é propriedade do Conservatoire du Littoral (Conservatório do Litoral) e o forte é inscrito na lista de Monumentos Históricos. Em 2007, é criado ali o Espace Sarah Bernhardt, que propõe uma visita que retraça a vida e obra de Sarah (com audioguia e cerca de uma hora de duração). Para saber mais e como visitar o lugar, veja este site

 

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Alguns eventos interessantes pela França

 

Com a chegada da primavera, agora em março, os eventos pela França aumentam. Aqui vai a seleção do mês, com três bem interessantes que selecionei para você.

1) Manet/Degas – Musée d’Orsay – Paris

Esta é uma exposição bem aguardada por aqui. Édouard Manet e Edgar Degas, dois dos maiores artistas franceses – e do Mundo. Em plena efervescência social e cultural que foi a segunda metade do século XIX, eles foram protagonistas, contemporâneos, amigos e rivais e possuem semelhanças, mas, principalmente, diferenças nos modos de ver a arte e a sociedade. O Musée d’Orsay coloca em evidência o percurso e obras destes dois artistas, não para compará-las, mas para estabelecer um diálogo que é muito interessante e essencial para compreender o contexto histórico e artístico da época que tem sua influência até hoje. De 28 de março a 23 de julho de 2023. Mais informações aqui.

 

Manet/Degas

 

2) Circulation(s) Festival de la jeune photographie européenne – Centquatre – Paris

Um evento perfeito para os amantes da fotografia. A nova geração de fotógrafos da Europa se reúne no Centquatre, este lugar cultural bem interessante em Paris, para mostrar suas criações e refletir sobre os rumos da fotografia contemporânea. São 27 fotógrafos de 14 nacionalidades, com trabalhos bem interessantes e diversificados. Na programação, tem exposições, debates, projeções e muito mais. De 25 de março a 21 de maio. Veja o site oficial oficial para mais informações.

 

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3) Foire aux Fromages et aux Vins de Coulommiers – Coulommiers – Arredores de Paris

Coulommiers é um queijo que “lembra” o brie, é uma delícia e um dos mais fáceis de achar nos supermercados da França. Ele é feito na cidade de mesmo nome, que fica pertinho de Paris. Então, uma feira que celebra este queijo (e outros) e os vinhos da região é mais do que bem-vinda. São muitas animações e degustações. E de quebra você pode conhecer a cidade, que é linda e que tem vários edifícios históricos, incluindo uma antiga comendadoria dos templários. De 31 de março a 3 de abril. Para saber mais informações, clique aqui. E para saber mais sobre esta bela cidade, veja a matéria que fiz sobre Coulommiers aqui no blog.

 

Foire aux fromages Coulommiers

 

E termino esta Newsletter por aqui. Espero que você tenha gostado. Não se esqueça de deixar um comentário ou sugestões (ou mesmo um olá) aqui nos comentários. Se preferir, pode mandar a sua sugestão de tema para o email contato@diretodeparis.com. Todas as mensagens com ideias são lidas e respondidas com carinho.

O Direto de Paris é um projeto cultural e de turismo, que pretende mostrar a França através de sua cultura, história e belas paisagens. É destinado não só às pessoas que pensam ou vão viajar para terras francesas, como também para aquelas que simplesmente amam o país e gostariam de saber mais sobre ele. Se você gosta e quer apoiar este projeto, basta fazer uma contribuição em qualquer valor no PayPal (email: diretodparis@gmail.com) ou no PIX (email: contato@diretodeparis.com). Outros projetos ligados ao site estão em desenvolvimento e qualquer ajuda é mais que bem-vinda. Outra forma de ajudar, é compartilhar o conteúdo do Direto de Paris e suas redes sociais com a família e amigos. Muito obrigada por estar aqui, pelo apoio e até breve!

 

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Renata Rocha Inforzato

Sou de São Paulo, e moro em Paris desde 2010. Sou jornalista, formada pela Cásper Líbero. Aqui na França, me formei em História da Arte e Arqueologia na Université Paris X. Trabalho em todas essas áreas e também faço tradução, mas meu projeto mais importante é o Direto de Paris. Amo viajar, escrever, conhecer pessoas e ouvir histórias. Ah, e também sou louca por livros e animais.

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