Nesse novo texto sobre Avignon, vamos falar de museus. A cidade tem várias opções para quem gosta de arte e abriga muitas obras-primas. Por isso, vale a pena visitar ao menos um.
Musée Calvet
Como sempre, nesse tipo de post, quero avisar que tudo aqui é baseado no que visitei durante minhas estadias na cidade. Não tenho a pretensão de fazer um texto, tipo, “tudo sobre os museus de Avignon”, até porque acho essa abordagem uma furada, já que é impossível saber e escrever TUDO sobre alguma coisa. Mas, reflexões à parte, vamos aos museus.
Musée Requien
1) Petit Palais – Também conhecido como Palais des Archevêques. Foi construído no começo do século XIV e em 1335 foi escolhido pelo papa Benoît XII como sede da diocese de Avignon. É por isso que é chamado de Palais des Archevêques. Já o nome Petit Palais vem da proximidade com o Palais des Papes, bem maior. Degradado durante o Grande Cisma do Ocidente, que acaba em 1411, é restaurado algumas vezes. Um de seus ocupantes é Giuliano della Rovere, que mais tarde será papa com o nome de Jules II. É ele o responsável pelo aspecto renascentista do palácio.
Após ter sido nacionalizado e vendido durante a Revolução Francesa, abrigou um seminário no século XIX e uma escola profissionalizante após 1904. Em 1976, o Petit Palais é escolhido para ser a sede de um museu dedicado à pintura italiana e à arte de Avignon da Idade Média e Renascimento.
Sua coleção o coloca como um dos museus mais importantes da França. Ela tem duas origens. A primeira vem do Musée Calvet (saiba mais sobre ele logo abaixo). A segunda vem da coleção de Giampietro Campana, um dos maiores colecionadores do século XIX. Além de ser aristocrata, era diretor do Montepio (Monte di Pietà), em Roma. Amante de arte, começou a colecionar importantes obras. Porém, a má administração do dinheiro comprometeu sua fortuna e os empréstimos que contraiu junto à Instituição do qual era diretor provocaram sua prisão, em 1857.
Condenado a 20 anos de prisão, ele tem a sua pena amenizada graças ao imperador francês Napoleão III, que negocia a compra de parte da sua coleção. A princípio expostas em Paris, as obras são, em seguida, espalhadas em vários museus da França. Até que, em 1976, uma porção delas (composta por pinturas) é parcialmente reunida para integrar o acervo do novo museu de Avignon, o Petit Palais. O Louvre também abriga uma parte considerável das peças adquiridas pelo governo francês.
A coleção de pintura italiana do museu vai do século XIII até o XVII e reúne artistas de várias partes da Itália. Há obras de Simone Martini, Paolo Veneziano, Bartolomeo della Gatta, Nicolò da Foligno, Carlo e Vittore Criveli, etc.
Paolo Veneziano, La Vierge et l’Enfant, entre 1324 e 1358
Uma das obras-primas do museu é a La Vierge et l’Enfant (a Virgem e o Menino) de Sandro Botticelli. Ela data de 1470, ou seja, a época do começo da carreira do artista.
Sandro Botticelli, La Vierge et l’Enfant, 1470
A parte dedicada à arte de Avignon é composta por capitéis de estilo românico esculpidos e estátuas, que faziam parte de igrejas, conventos e abadias da cidade. Há também fragmentos de esculturas funerárias do século XIV, da época em que Avignon era a sede do papado e uma arte, com forte influência italiana, se desenvolveu na cidade. Ainda encontramos no museu parte de decorações de residências civis do mesmo período.
Jacente do túmulo do papa Urbain V (Urbano V), 1370
Há também obras da pintura e escultura de Avignon realizadas no século XV. Artistas como Enguerrand Quarton, Josse Lieferinxe, Antoine Le Moiturier e Jean de la Huerta fazem parte do acervo. Embora não sejam famosos hoje, eles realizaram verdadeiras obras-primas e participaram do desenvolvimento de um grande estilo artístico na época, conhecido como École d’Avignon.
Josse Lieferinxe, Saint Michel, Sainte Catherine, entre 1493 e 1505
Musée du Petit Palais Place du Palais des Papes 84000 Avignon Horários: de quarta a segunda, das 10h às 13h e das 14h às 18h. Fechado às terças, 1 de janeiro, 1 de maio e 25 de dezembro. Tarifa: grátis
Para mais informações sobre o Petit Palais, veja aqui
2) Musée Calvet – É um museu que fica no belo Hôtel de Villeneuve-Martignan, um palacete do século XVIII, construído por um dos arquitetos mais famosos de Avignon: Jean-Baptiste Franque. A construção tem esse nome por causa do seu antigo proprietário: Joseph-Ignace de Villeneuve-Martignan.
Depois, o palacete passa por vários proprietários até ser comprado pela cidade de Avignon, em 1833, para abrigar o museu municipal. Embora a fachada, restaurada de 1986 a 1991, esteja em um estado próximo ao original, no interior somente alguns cômodos têm a mesma forma que no século XVIII. O Hôtel e seu jardim foram citados por Stendhal em sua obra Mémoires d’un Touriste, de 1837.
Hoje, o Musée Calvet ocupa também um outro palacete do século XVIII, conhecido como Montlaur, e uma construção mais moderna, de 1991. O museu tem um dos acervos mais ricos do interior da França e abrange áreas como Arqueologia, Belas-Artes, Artes Decorativas e Etnologia. São obras que vêm tanto de doações, como a de Esprit Calvet, antigo diretor que dá nome ao museu, quanto de aquisições da administração.
Na parte de Arqueologia, há obras que vão desde o Neolítico até a época do Império Romano. A maioria delas foi encontrada principalmente na área à qual pertence Avignon: o departamento de Vaucluse. É uma diversidade de obras e objetos, como, por exemplo, esculturas, estelas, etc.
Médaillon hémisphérique, Século I d.C. Proveniência: Caderousse (Vaucluse)
Outra coleção de destaque no Musée Calvet é a egípcia. Há esculturas, sarcófagos, vasos, estelas, objetos de uso funerário e até uma múmia de criança. As obras vão desde o nascimento da Civilização Egípcia até o período em que o Egito foi dominado pelos romanos. É muito interessante.
Múmia de uma criança que devia ter 2 anos de idade. Final do período Ptolomaico e começo da dominação romana
Em pintura, há obras de grandes mestres, como Hieronymus Bosch, Jacques-Louis David, Théodore Géricault, Théodore Chassériau, Jean-Baptiste Camille Corot, Édouard Manet, Alfred Sisley, entre outros. Há também telas de artistas italianos, como Luca Giordano, espanhóis e das escolas do Norte da Europa. É uma diversidade de artistas e temas que dão uma bela perspectiva da História da Pintura.
Édouard Manet, Nature Morte, guitare et chapeau, 1862
Os pintores provençais também estão presentes, como Joseph Vernet, Nicolas Mignard e seu filho Pierre II Mignard, em quadros que retratam a região. Outra curiosidade são as telas religiosas, retiradas das igrejas e conventos da cidade. O museu também abriga a pintura do teto do antigo Hôtel de Ville (prefeitura) de Avignon, realizada por Philippe Sauvan, e partes de decoração de construções civis da cidade.
Galeria com obras de Joseph Vernet
A parte de escultura também é importante, com obras de Giambologna, Camille Claudel e vários outros. Além de um conjunto de bronzes, vindos da Itália e Norte da Europa, realizados nos séculos XVI e XVII.
Camille Claudel, Buste de Paul Claudel en jeune romain, 1884-1887
Outro destaque do Musée Calvet, que faz dele um museu bem completo, é sua coleção de Artes Decorativas. Há móveis, tapeçarias, porcelanas e peças de ourivesaria, que vão do século XVI ao XVIII.
Sem esquecer o acervo de Arte Islâmica, composto principalmente por objetos em cobre, prata e outros metais. A maioria fazia parte do serviço de mesa de emires ou outras autoridades do Islã.
Musée Calvet 65, rue Joseph Vernet 84000 Avignon Horários: de quarta a segunda, das 10h às 13h e das 14h às 18h. Fechado às terças, 1 de janeiro, 1 de maio e 25 de dezembro. Tarifa: Gratuito para as coleções permanentes.
Para saber mais sobre o Musée Calvet, veja o site oficial
3) Palais du Roure – Fica no Hôtel de Baroncelli-Javon, um palacete construído a partir de 1469, a mando de Pierre Baroncelli, originário de Florença. A construção ganha esse nome “Palais du Roure” no século XIX, graças à Frédéric Mistral, um dos maiores escritores da Provence. Junto com o amigo Folco de Baroncelli, proprietário do palacete, Mistral fez do lugar a sede do Félibrige, um movimento pelo renascimento da cultura provençal, e do L’Aïoli, o jornal do movimento.
Em 1908, o palacete é vendido pela família. Após sofrer várias degradações, ele é comprado em 1918 por Jeanne de Flandreysy, amiga de Folco. Ela decide restaurar a construção e fazer dali um centro de cultura mediterrânea. Em 1936, ela se casa com um arqueólogo, Émile Espérandieu, e cria com ele a Fondation Flandreysy-Espérandieu, que é doada em 1944 para a cidade de Avignon.
Assim, aberto para visitação, o museu abriga um acervo eclético. Há uma grande coleção de móveis provençais dos séculos XVIII e XIX, um teto pintado que data do século XV e telas murais do XVIII. Há uma galeria consagrada a Henry de Groux, pintor simbolista belga, que passa uma temporada no palacete.
Há uma parte dedicada à etnografia provençal, com santons (pequenas figuras em argila, típicas da Provence) e presépios realizados entre os séculos XVIII e XX, roupas tradicionais e outros objetos relacionados à arte popular da região. Tem até uma carruagem ali em uma das salas. Outra curiosidade é a prensa que serviu para imprimir a primeira edição de Mirèio, obra-prima de Frédéric Mistral, realizada em 1859. Ela também imprimia o jornal L’Aïoli, em língua provençal.
Santons
O museu também apresenta uma parte dedicada a Folco de Baroncelli, o proprietário do palacete na segunda metade do século XIX, conhecido por popularizar e incrementar as tradições da região de Camargue, ali perto.
Palais du Roure 3 rue Collège du Roure, 84000 Avignon Horários: de terça a sábado, das 10h às 13h e das 14h às 18h. Tarifa: 5 euros. Reduzida: 3 euros.
Saiba mais sobre o Palais du Roure neste link
4) Musée Requien – É o museu de História Natural de Avignon. Eu adoro esse tipo de museu e este é um dos mais legais em que já fui. Ele fica no Hôtel Raphaëlis de Soissans, um palacete do século XVIII.
O nome do museu é por causa de Esprit Requien, um naturalista, botânico e paleontólogo, que, em 1849, assumiu a direção do Musée Calvet. Ele havia constituído uma grande coleção de História Natural e doado para a cidade em 1840. Poucos anos depois, em 1851, Esprit Requien morre e o museu é criado. A instituição muda várias vezes de lugar, até se estabelecer, em 1943, no Hôtel Raphaëlis de Soissans.
O acervo hoje é composto por objetos vindos de doações – não somente as de Esprit Requien como também de outros cientistas e amadores ao longo das décadas – e daqueles provenientes das atividades de pesquisa do museu. A coleção abrange as áreas de Geologia, Zoologia e Botânica
Há quatro exposições permanentes. A primeira, Plongée dans le Temps (Mergulho no tempo), mostra a evolução dos ecossistemas e da biodiversidade antes da influência do homem no Meio-Ambiente. Tem até fóssil vindo do Brasil
Fóssil de peixe vindo da Formação Santana, Chapada do Araripe, Ceará. Época: Cretáceo, entre 145 e 65 milhões de anos atrás.
A segunda se chama Faune Vauclusienne e tem esse nome por ser centrada no departamento do Vaucluse, onde fica Avignon. Ela mostra a riqueza da fauna da região, inclusive por meio de fotografias.
A terceira, denominada Le monde des rochers, trata do ambiente de altitude do Vaucluse, como o Mont Ventoux, um dos pontos mais altos da Provence, por exemplo. Ela mostra como esses lugares se tornaram refúgio para a fauna ameaçada pela ação do homem. Ela também aborda os dois grandes predadores que havia nessas áreas: o lobo e o urso.
Lobo que era nativo da região do Vaucluse (onde fica Avignon). Não existe mais por estas bandas
A quarta exposição permanente tem o nome de Le monde des ripisylves. Ela aborda a fauna encontrada na Île de la Barthelasse, em Avignon. Além disso, no acervo do museu, há vários animais que vivem em outras partes do mundo, como os da América e Ásia, por exemplo. E crânios do homem moderno e seus ancestrais. O Musée Requien organizada, ainda, duas temporárias ao longo do ano.
Tubarão-martelo
Musée Requien 67 rue Joseph Vernet 84000 Avignon Horários: de terça a sábado, das 10h às 13 e das 14h às 18h. Fechado 1 de janeiro, 1 de maio e 25 de dezembro. Tarifa: grátis.
Informações aqui
Ovo de Aepyornis, pássaro com 3 metros de altura, Madagáscar
5) Musée Louis-Vouland – Para explicar esse museu, tenho que contar a história do lugar que o abriga: o Hôtel de Villeneuve-Esclapon. Esse palacete foi construído em 1885 para Mathilde Thysebaert, esposa do visconde Marie-Xavier de Villeneuve-Esclapon. Em 1927, o palacete é comprado por Louis Vouland, um industrial bem-sucedido.
O novo proprietário é colecionador de arte, que ele adquire em antiquários e também em leilões. Sua coleção é composta por móveis, objetos e obras de arte. Ele vive ali no palacete até a morte, em 1973. Em seu testamento, ele doa a sua coleção para a Fondation de France, com a condição de que a Fondation Louis-Vouland seja criada. O lugar deveria, também, ser aberto ao público, tornando-se um museu, e ter suas coleções sempre aumentadas.
Nasce, assim, em 1982, o Musée Louis-Vouland. Uma das principais áreas da coleção de Artes Decorativas é composta por faiança: o museu tem quase 200 obras expostas em permanência, que mostram a evolução da técnica, da decoração e as diferenças entre os principais centros de produção, como Moustiers, Montpellier, Rouen, Strasbourg, etc. Há também produções de outros lugares da Europa e até do Extremo-Oriente.
Faiança de Moustiers
Os móveis que decoram as salas, dos séculos XVII e XVIII, vêm dos mais prestigiados ateliês da época. A coleção conta também com objetos de ourivesaria: vemos tanto peças da vida cotidiana, como as de luxo para grandes ocasiões. Há tapeçarias muito valiosas, vindas de grandes centros de produção, a maioria com temas mitológicos.
A parte de pintura, menos numerosa, tem obras, principalmente, de artistas de pintura flamenga e holandesa, como Joos Van Clève e Philips Wouwerman. Além de uma obra do artista local, Joseph Vernet. Já na parte de escultura, o destaque vai para uma estátua equestre de Louis XIV, atribuída a Jacques Desjardin.
Ateliê de Joos van Clève, L’Enfant aux Cerises
Um curiosidade para terminar: o museu tem uma sala decorada como um quarto chinês. Tem móveis, objetos e estátuas chineses realizados entre os séculos XVIII e XIX, e também aqueles fabricados na França, no mesmo período, mas de inspiração oriental. É bem legal!
Musée Louis-Vouland 17, rue Victor-Hugo 84000 Avignon Horários: de terça a domingo, das 14h às 18h. De 24 a 31 de dezembro, das 14h às 16h30. Fechando em todo o mês de janeiro, às terças-feiras e também em 1 de janeiro, 1 de maio e 25 de dezembro. Tarifa: 6 euros. Reduzida: 4 euros (menores de 26 anos).
Para saber mais, veja aqui
6) Musée Angladon-Dubrujeaud – Este museu foi aberto em 1996, através de uma fundação privada criada por um casal de artistas: Jean e Paulette Angladon-Dubrujeaud. Pintores e gravuristas, eles decidiram abrir a sua residência para mostrar ao público a coleção que eles herdaram de Jacques Doucet, um estilista que atuou em Paris no final do século XIX e começo do XX.
Para começar, a própria residência onde fica o museu já é uma obra de arte. O Hôtel de Massilian foi construído em 1694, por um dos maiores arquitetos do século XVII, Jean Péru. A construção tem esse nome por causa da família que a ocupou no século XVIII.
Colecionador e mecenas, Jacques Doucet queria reunir as obras mais importantes de seu tempo. Então, o acervo do museu é consagrado à História da Pintura da segunda metade do século XIX ao começo do XX.
E encontramos vários mestres da arte e as principais correntes da época. Há obras de Vincent van Gogh, Sisley, Édouard Vuillard, Edgar Degas, Paul Cézanne, Honoré Daumier, etc. Isso só para citar o século XIX.
Alfred Sisley, Paisage de neige à Louveciennes, 1874Vincent Van Gogh, Wagons de chemin de fer à Arles, 1888.
Já os anos 1900-1929 são representados por ninguém menos que Amedeo Modigliani, Tsugouharu Foujita, André Derain, além de várias obras de Pablo Picasso. Para quem adora arte, é um verdadeiro deleite ver tantas obras-primas em um pequeno museu.
Pablo Picasso, Arlequin Assis, 1915
Outra coisa interessante é que os cômodos do primeiro andar foram restaurados no espírito de um lar de quem ama as artes. Há também salas com obras adquiridas pelos proprietários, como esculturas e pinturas medievais, retratos do século XVI, paisagens e outras. Dentre vários artistas, vemos aqui também o pintor, Joseph Vernet, que nasceu e viveu em Avignon
Joseph Vernet, Étude pour le Matin, 1771
Os móveis e objetos de decoração de algumas salas reconstituem uma residência aristocrática do século XVIII. Jacques Doucet também chegou a ter uma coleção com elementos desta época, mas a vendeu em 1912, para se dedicar à coleção mais atual.
Para finalizar a visita, há uma sala com decoração inspirada no Extremo-Oriente. Ela abriga esculturas, quadros e objetos vindos principalmente da China.
Musée Angladon-Dubrujeaud 5, rue du Laboureur 84000 Avignon Horários: de 1 de abril a 31 de outubro, de terça a domingo, das 13h às 18h. De 1 de novembro a 31 de março, de terça a sábado, das 13h às 18h. Fechado em janeiro e em 25 de dezembro. Tarifas: 8 euros. Reduzida: 6,50 euros. Jovens de 15 a 25 anos: 3 euros. Crianças de 4 a 14 anos: 1,50 euros.
Mais informações neste link
7) Musée Lapidaire – É a Galeria Arqueológica do Musée Calvet. Esse museu fica na antiga capela do Colégio dos Jesuítas, um belo edifício em estilo Barroco, terminado em 1628 por François de Royers de la Valfenière, um dos maiores arquitetos da região.
Desativada na Revolução, se transforma em caserna e, em 1851, volta a ser novamente uma igreja. Desativada de novo, chega a abrigar um avião no começo do século XX. Até que em 1933 passa a receber as obras arqueológicas do Musée Calvet.
Ele abriga, principalmente, as coleções etruscas, gregas e galo-romanas. É uma grande vitrine da rica coleção de Avignon em Arte Antiga.
O acervo grego do museu tem muitos vasos, mostrando a diversidade dos temas e técnicas ao longo dos vários períodos e regiões da Civilização Grega. Há vasos para uso cotidiano, como serviço de vinho, transporte de líquidos ou toilete, por exemplo; e também aqueles para uso funerário. Há também muitos exemplos de escultura grega, principalmente em baixo-relevo.
Cratère à colonnettes, século IV a.C., Magna Grécia (sul da Itália)
Grande parte da coleção é formada por obras galo-romanas, ou seja, da época em que os romanos dominaram a Gália – onde fica a França hoje – e conviveram com os gauleses. Há objetos em bronze, argila, vidro, ossos, marfim e até de outro. São coisas da vida cotidiana, adornos, estátuas de divindades, entre outras. A maioria dos objetos foi encontrada em escavações na região, principalmente de túmulos.
Mosaico representando Hércules e Hesíone, Século III d.C.
Vemos também inscrições funerárias e honoríficas, esculturas de vulto e retratos públicos e privados. O interessante é que no acervo há objetos que são símbolo da dominação romana, enquanto outros são exclusivo dos gauleses.
Já a parte etrusca da coleção é composta, em sua maioria, por urnas funerárias. Elas ilustram episódios mitológicos, históricos e cenas de família. A maior parte desses objetos vem das cidades de Volterra e Tarquinia.
Urna funerária étrusca em terracota, final do século II a.C.
Musée Lapidaire 27, rue de la République 84000 Avignon Horários: de terça a domingo, de 10h às 13h e de 14h às 18h. Fechado às segundas, 1 de janeiro, 1 de maio e 25 de dezembro. Tarifa: gratuito.
Para saber mais sobre o Musée Lapidaire, consulte o seu site oficial
8) Collection Lambert – Musée d’Art Contemporain – É outro museu que foi criado a partir de um colecionador, desta vez de arte contemporânea. O mais curioso é que o palacete onde ele fica, o Hôtel de Caumont, foi construído a partir de 1720 a mando de outro colecionador: Joseph de Seytres, marquês de Caumont. A construção é obra do arquiteto Jean-Baptiste Franque.
Depois de ser confiscado na Revolução, ter abrigado uma escola, uma caserna e até uma universidade, em 1999 o palacete é escolhido para abrigar um museu de arte contemporânea. Yvon Lambert, que possui galerias de arte, ao mesmo tempo, coleciona obras de artistas contemporâneos. Então, ele propõe instalar sua coleção no Hôtel de Caumont e abrir o lugar ao público. Assim, o Musée d’Art Contemporain de Avignon é inaugurado em julho de 2000. Em 2008, Lambert doa as 300 obras que estão no museu para o Estado Francês, para que o lugar seja um centro permanente de arte contemporânea. Em 2011, ele doa mais 556 obras à França.
Robert Combas, Yvon Lambert
Há obras de arte minimalista, conceitual, Land Art, muitas pinturas dos anos 1980, fotografias e vídeos de 1990. Uma coleção bem abrangente, incluindo, inclusive, nomes que não estão nas coleções nacionais (ou seja, do Estado) francesas. O museu acolhe duas exposições temporárias por ano, mas sua museografia também está sempre mudando, pois periodicamente novas obras são adquiridas para enriquecer o acervo.
Sol LeWitt, Wall Painting, 2004
Collection Lambert 5 rue Violette 84 000 Avignon Horários: aberto de terça a domingo, das 11h às 18h. Em julho e agosto, aberto todos os dias, das 11h às 19h. Tarifas: 8 a 10 euros. Reduzida: 6 a 8 euros. Crianças de 6 a 11 anos: 2 euros. Menores de 6 anos: gratuito.
Saiba mais aqui
Vincent Ganivet, Entrevous, 2010
Você viu que tem bastante museu em Avignon. E eu nem visitei todos. Claro, que você não precisa conhecer tudo, até porque é preciso muito tempo e nem sempre temos isso. Mas, ao menos um – além do Palais des Papes – aconselho visitar. Porque é bem legal ver a diversidade artística que a cidade abriga e também o fato de que podemos ver obras de grandes artistas da História da Arte sem precisarmos estar em uma capital.
Petit Palais
Como ir a Avignon – De Paris, da Gare de Lyon, é só pegar o trem até em Avignon Centre. A viagem dura entre 3 e 3 horas e meia (depende se tiver que trocar de trem). Para saber trajetos, preços e horários, veja o site da OUI.Sncf, a empresa de trens da França. Para saber mais sobre Avignon, veja o site do Office de Tourisme da cidade.
Sou de São Paulo, e moro em Paris desde 2010. Sou jornalista, formada pela Cásper Líbero. Aqui na França, me formei em História da Arte e Arqueologia na Université Paris X. Trabalho em todas essas áreas e também faço tradução, mas meu projeto mais importante é o Direto de Paris. Amo viajar, escrever, conhecer pessoas e ouvir histórias. Ah, e também sou louca por livros e animais.
Adorei todas as informações detalhadas! Parabéns!
Depois de Versailles, eu só quero visitar museus com você agora! haha
Vai ter que se virar quando eu voltar a Paris, hein? Quero nem saber rs
Belíssimos museus, quanta história e arte em Avignon! Eu sou fã de museu, iria em todos com certeza, mas o que mais me chamou a atenção foi o Musée Calvet…
Nossa, que fantástico! Eu sou apaixonada pela história e por visitar museus. Essa cidade eu não conheço ainda e após a leitura me fez colocar nas listas de viagens. Sem dúvida me motivou bastante. Lindas fotos.
Avignon é uma cidade super importante para a história francesa, por isso essa quantidade de museus tão interessantes, amei seu post. Como nunca estive lá, deu pra curtir um pouco do que tem por lá com suas fotos.
Sou simplesmente apaixonada por museus! Minha programação preferida nas cidades. Muito embora você tenha dito que não falou sobre tudo no Museu (de fato concordo, é impossível falar tudo sobre algo), achei bem completo o relato e riquíssimo! Fiquei um pouco agoniada com os bichos empalhados… Hahahaha.
Oi Mallê, tentei fazer o mais completo possível, mas é que Avignon tem muita coisa para ver, ainda mais quem gosta de arte e história… Eu tb ficava agoniada com os animais empalhados, mas me acostumei rsrsrs, bjs
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Comentários (10)
Renata Campos
11 de dezembro de 2018 at 1:47Adorei todas as informações detalhadas! Parabéns!
Depois de Versailles, eu só quero visitar museus com você agora! haha
Vai ter que se virar quando eu voltar a Paris, hein? Quero nem saber rs
Renata Rocha Inforzato
19 de janeiro de 2019 at 15:48Oi Rê, sem problemas, é só fazer a listinha de quais museus você quer visitar, bjs
Gabriela Torrezani
11 de dezembro de 2018 at 9:47Belíssimos museus, quanta história e arte em Avignon! Eu sou fã de museu, iria em todos com certeza, mas o que mais me chamou a atenção foi o Musée Calvet…
Renata Rocha Inforzato
19 de janeiro de 2019 at 15:47Oi Gabriela, se você gosta de história e arte, ali é o lugar certo. bjs
Vanessa Orfao
11 de dezembro de 2018 at 14:16Nossa, que fantástico! Eu sou apaixonada pela história e por visitar museus. Essa cidade eu não conheço ainda e após a leitura me fez colocar nas listas de viagens. Sem dúvida me motivou bastante. Lindas fotos.
Renata Rocha Inforzato
19 de janeiro de 2019 at 15:46Oi Vanessa, se você gosta de história e museus, não vai se decepcionar. Bjs
Michelle
13 de dezembro de 2018 at 23:47Avignon é uma cidade super importante para a história francesa, por isso essa quantidade de museus tão interessantes, amei seu post. Como nunca estive lá, deu pra curtir um pouco do que tem por lá com suas fotos.
Renata Rocha Inforzato
19 de janeiro de 2019 at 15:46Oi Michelle, obrigadão! É um pouco essa a intenção, bjs
Mallê
15 de dezembro de 2018 at 9:43Sou simplesmente apaixonada por museus! Minha programação preferida nas cidades. Muito embora você tenha dito que não falou sobre tudo no Museu (de fato concordo, é impossível falar tudo sobre algo), achei bem completo o relato e riquíssimo! Fiquei um pouco agoniada com os bichos empalhados… Hahahaha.
Renata Rocha Inforzato
19 de janeiro de 2019 at 15:44Oi Mallê, tentei fazer o mais completo possível, mas é que Avignon tem muita coisa para ver, ainda mais quem gosta de arte e história… Eu tb ficava agoniada com os animais empalhados, mas me acostumei rsrsrs, bjs