Atrações

Place des Victoires – a bela praça parisiense que celebra a vitória

31 de janeiro de 2017

Last Updated on 20 de julho de 2021 by Renata Rocha Inforzato

As praças de Paris estão entre as mais bonitas do mundo. A minha praça parisiense preferida é a Place des Victoires, que fica entre o 1e e o 2e arrondissements da cidade. Passo por ela quase todos os dias e por isso fui pesquisar um pouco mais sobre sua história e curiosidades, que conto tudo aqui.

Praça parisiense

No texto sobre a Place des Vosges expliquei sobre as Places Royales (Praças Reais). Elas foram criadas para homenagear reis e se caracterizam pela simetria. A Place des Victoires é a primeira das que foram dedicadas a Louis XIV.

Praça parisiense

Na verdade, a praça deve o seu nascimento a uma estátua deste soberano, conhecido como o Rei Sol. A história é que um nobre da corte, o duque de La Feuillade, que era também Marechal da França, resolve encomendar, em 1679, uma estátua ao escultor Martin Desjardins dedicada ao soberano e às suas vitórias militares.

Praça parisiense
Rue d’Aboukir, que dá para a praça

A estátua encomendada era uma réplica de outra do mesmo artista. Ela mostrava Louis XIV de pé, com o manto da coroação, esmagando um cerbero (figura mitológica) e sendo coroado por uma vitória. No pedestal, em mármore branco, baixos relevos e a presença de quatro escravos. Nesta época, a França havia assinado a paz de Nimègue, acabando com as guerras contra algumas nações, das quais ela saíra vencedora. Os países vencidos foram a Espanha, a Holanda, o Sacro Império Romano-Germânico e o Piemonte (a Itália ainda não era um país unificado). Assim, os escravos do pedestal representavam estas quatro nações.

Praça parisiense
A antiga estátua de Louis XIV, encomendada pelo duque

O duque, não contente em oferecer a estátua ao rei, decide construir uma praça para servir de moldura para a obra. Assim, ele contrata o arquiteto Jules Hardouin-Mansart, um dos mais prestigiados profissionais da época, vindo de uma família de tradição em Arquitetura. Ele era sobrinho-neto de François Mansart, que até hoje é considerado um dos maiores arquitetos de todos os tempos. E Jules mesmo vai entrar nesse panteão dos maiores da História.

Praça parisiense
Uma das lojas da praça

Hardouin-Mansart concebe um projeto inovador para a época: uma praça circular, rodeada por palacetes de acordo com a última moda de então. As construções deveriam ser simétricas: o térreo com arcadas, o primeiro e segundo andares ligados por pilastras iônicas e o último em mansarda. Esta decoração clássica daria uma imagem de imponência para a praça.

Praça parisiense

Para viabilizar os novos palacetes, La Feuillade compra o Hôtel (palacete) de Senneterre, entre outras construções vizinhas. A cidade de Paris compra também alguns imóveis ali, pois não queria ficar fora do projeto. Eles são demolidos ou adaptados para formar a nova praça. Apesar do projeto circular, a Place des Victoires não é um círculo perfeito. É mais a forma de uma ferradura.

Praça parisiense

O duque de La Feuillade gasta fortunas com a construção, que começa em 1685. Porém, gastar com o rei é sempre uma boa ideia. Em uma correspondência com Madame de Sévigné (uma nobre poderosa da época, que morava onde hoje fica o Musée Carnavalet), Bussy-Rabutin, outro nobre, diz a propósito da construção da praça: “O rei, que ama ser amado, vai devolver o investimento com juros”.

Praça parisiense
Outra loja da praça

A praça é inaugurada em 1686 com grande pompa. A estátua, no centro, é iluminada por quatro fanais (tipo de farol), suportados por colunas, cujas chamas ficavam acesas a noite toda, atraindo a presença de arruaceiros e vagabundos. E também o sarcasmo de alguns parisienses, que zombam com o fato de que o Rei Sol precisa ser iluminado por faróis. Eles são retirados somente em 1718.

Praça parisiense
Detalhe de uma das construções da praça

A obra também suscita algumas críticas, que dizem que a praça, com diâmetro de 39 metros, é muito pequena para a imponente estátua. Mas, segundo os especialistas, é a circunferência ideal para contemplar a imagem do soberano.

Praça parisiense
Uma agência bancária na praça

Porém, na época da Revolução, em 1792, a estátua é destruída. No lugar colocam uma pirâmide de madeira e depois uma estátua do general Louis Charles Antoine Desaix. Porém, esta última não dura muito tempo, pois o militar está completamente nu. Alguns bronzes do pedestal da antiga escultura do rei hoje podem ser vistos no Louvre.

Praça parisiense

Até que em 1822, durante o reino de Louis XVIII (irmão de Louis XVI), uma nova obra é encomendada ao escultor François-Joseph Bosio. Desta vez, o Rei Sol está em um cavalo, em posição de poder, com uma coroa de louros na cabeça e vestido um imperador romano. No pedestal, dois baixos-relevos em bronze, que mostram feitos de Louis XIV: Le Passage du Rhin (A Passagem do Reno) e Institution de l’ordre royal et militaire de Saint-Louis en 1693 (Instituição da ordem real e militar de São Luís em 1693, também de Bosio.

Praça parisiense

Praça parisiense

Praça parisiense
Um dos baixos-relevos do pedestal: : Le Passage du Rhin
Praça parisiense
O outro baixo-relevo do pedestal: Institution de l’ordre royal et militaire de Saint-Louis en 1693.

Nesta época, os palacetes já tinham sofrido modificações e iriam sofrer ainda mais. Principalmente com o alargamento da rua Croix-des-Petits-Champs, da rua de La Feuillade e a construção da rua Étienne-Marcel, que dão para a praça. A instalação das lojas também causa mudanças nas construções. Alguns palacetes do século XVIII são destruídos. Mas, ainda assim, uma certa simetria continua a existir.

Praça parisiense

Praça parisiense
Rue Étienne-Marcel

A posição estratégica da praça, entre a Bourse (Bolsa) e o Palais-Royal faz com que ela seja bastante frequentada e animada durante o século XIX. O lugar abriga, então, uma série de lojas tradicionais e é conhecido pela presença de comerciantes de tecidos.

Praça parisiense

É interessante notar as referências à nova estátua, como no detalhe do imóvel perto da rua d’Aboukir, onde fica a loja Hartford, e também no que está na esquina da rua Étienne-Marcel. A praça é inscrita como Monumento Histórico em 1962 e a estátua em 1992. Em 2005, a obra é restaurada.

Praça parisiense
Detalhe do imóvel perto da rua d’Aboukir , onde hoje está a loja Hartford
Praça parisiense
Detalhe de um imóvel na esquina da praça com a rua Étienne-Marcel

Hoje, a Place des Victoires continua despertando a admiração de quase todos que passam por ela. As lojas mudaram um pouquinho. Hoje, estão instaladas ali boutiques de moda, como a Kenzo ou a Pronovias (de roupas de casamento), de acessórios, agências imobiliárias, agência bancária e escritórios. Tudo sob o olhar vigilante do Rei Sol, do alto do seu cavalo. Não é à toa que ela é minha praça parisiense favorita.

Praça parisiense

Place des Victoires
75001 e 75002 – Paris
Metrô: Bourse – linha 3
Sentier – linha 3.
Para saber mais sobre a praça, clique aquiaqui

Praça parisiense
Uma obra de Space Invader. Arte de rua na Place des Victoires.

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Renata Rocha Inforzato

Sou de São Paulo, e moro em Paris desde 2010. Sou jornalista, formada pela Cásper Líbero. Aqui na França, me formei em História da Arte e Arqueologia na Université Paris X. Trabalho em todas essas áreas e também faço tradução, mas meu projeto mais importante é o Direto de Paris. Amo viajar, escrever, conhecer pessoas e ouvir histórias. Ah, e também sou louca por livros e animais.

Comentários (6)

  • Fernanda - Blog Tá indo pra onde? Responder    

    7 de fevereiro de 2017 at 15:47

    Que praça linda! E agora ainda mais legal passar por lá sabendo de toda sua história! Acho que não passei quando fui a Paris, mas tá tão pertinho de pontos turísticos, que o desvio mínimo vale a pena!

  • Direto de Paris - Jornalismo em Paris Responder    

    4 de agosto de 2017 at 13:30

    […] de altura. Durante um tempo, os arquitetos pensam em abrir uma rua que ligasse a nova praça à Place des Victoires, também obra de Hardouin-Mansart, para que, assim, as duas estátuas de Louis XIV pudessem ser […]

  • Egle Romiti Pires OLIVEIRA Dias Responder    

    25 de novembro de 2018 at 2:22

    Adoro essa praça acho pequena e envolvente e muito linda.Não sabia da história,eu adorei.❤️

  • Direto de Paris - Jornalismo em Paris Responder    

    22 de outubro de 2020 at 12:10

    […] No século XVII, a administração da Bourgogne precisa de edifícios administrativos e obtém autorização para construir no prolongamento do antigo palácio. As obras começam em 1681, sob a direção do arquiteto Daniel Gittard e seu colaborador Martin de Noinville. A partir de 1685, Jules Hardouin-Mansart assume os trabalhos. Um dos maiores arquitetos da História da França, ele era o criador, dentre outras obras, das praças Vendôme e Victoires. […]

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