Newsletter Direto de Paris #13

Newsletter 13
Place des Vosges, em Paris

 

Olá! Espero que você esteja bem. Esta é a edição de um ano da Newsletter Direto de Paris. Se você recebeu o e-mail com o link daqui é porque optou por fazer parte da lista. Caso você queira sair dela, é só clicar no último link do e-mail que lhe enviei (um link pequeno) ou mandar uma mensagem para contato@diretodeparis.com, colocando o assunto, senão automaticamente vai para a caixa de spam. Se quiser ler as edições anteriores, basta clicar neste link.

Um ano! Há exatos um ano, eu escrevia a primeira edição da Newsletter sem saber direito como fazê-la e o que colocar nela como conteúdo. Dei uma olhada nos sites que assinava, nas Newsletters que eles me enviavam e fui vendo aquilo que gostava ou não. No começo, pensei em fazer algo mais de reflexão, mas mudei de ideia. Não que não goste deste tipo de conteúdo, não é isso. É que se fizesse isso, textos mais reflexivos, não combinaria com o Direto de Paris. Quem lê as matérias do site sabe que falo de turismo, com um toque de história e arte. Então, não daria para dar um outro enfoque na Newsletter porque acredito que ela deve ser uma extensão do site, algo para fidelizar mais quem já gosta do conteúdo do Direto de Paris ou atrair pessoas que possam gostar dele. Claro que os textos são mais pessoais do que nas matérias que escrevo aqui, principalmente este de introdução, pois falo um pouco mais do que estou fazendo, do meu processo criativo, das férias. Talvez eu devesse até falar mais de mim, mas acho que também não combinaria com o site. E a França tem tanta coisa interessante, né? Pensei também em dar o toque pessoal falando mais do estilo de vida aqui, claro que baseado no que vivo. Se você acha isso interessante, me deixe saber, seja aqui mesmo nos comentários ou por e-mail.

 

Como é o carnaval na França

 

Fevereiro tem carnaval, como diz a música. E, é claro, a festa acontece na França também. Mas antes de falarmos do país de Balzac, vamos ver como começou esta  comemoração tão popular. Há várias versões para as origens do Carnaval, mas todas elas têm em comum o fato de terem começado na Antiguidade. Assim, segundo uma dessas versões, o Carnaval teria começado no século III a.C. na Babilônia. As festas duravam cinco dias e eram chamadas “As Sagradas”, em honra à deus Anaïtis e ao começo da primavera.

Já os gregos dedicavam uma celebração a Dionísio, deus da fecundidade, do vinho e da vegetação. Durante a festa, eles realizavam desfiles, assim como representações teatrais. Também de acordo com a tradição, os romanos tinham uma espécie de “carnaval” com as Saturnálias, que expliquei na Newsletter passada ao falar da Festa dos Reis. Então, na verdade, as Saturnálias romanas podem ser a origem de duas festas modernas: do Dia de Reis, pois tinha bolo e prenda, e do Carnaval, pois tinha inversão de papéis (escravos no lugar dos mestres, por exemplo). E talvez, o uso da fantasia tenha vindo daí, pois os romanos se fantasiavam na festa, para não serem reconhecidos ou até por medo de represálias.

Na Idade Média, inicialmente a igreja Católica se opunha ao carnaval. Mas no século VIII, a Quaresma, os 40 dias de jejum antes da Páscoa, entra de vez nos hábitos dos fiéis. Então, o Carnaval passa a ser tolerado como um meio de diversão antes de começar os 40 dias de jejum e penitência e, assim, evitar possíveis revoltas. E é daí que vem também o nome Mardi Gras (Terça-feira gorda), que é o último dia do Carnaval, marcado por desfiles e muita comida, para compensar o jejum e a ausência de carne da Quaresma.

 

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Dunkerque, no Norte da França, uma das cidades francesas do Carnaval

 

E na França? Bom, em terras francesas o Carnaval também é comemorado com muita tradição. Apesar de ser no inverno, as pessoas se divertem. Há três festas famosas: a de Dunkerque, a de Granville e a de Nice, todas cidades costeiras, onde a festa está ligada à história de cada lugar. Dunkerque é uma cidade portuária na região Hauts-de-France, no norte do país. O Carnaval ali teria começado no século XVII, conforme atesta um documento de 16 de janeiro de 1676. Nesta época, vários pescadores da cidade partiam para a Islândia para pescar bacalhau. Era uma viagem tão perigosa de seis meses, que muitos não voltavam. Então, os patrões, donos dos barcos, pagavam uma parte antes da partida e também ofereciam três dias de festa, La Foye, que acontecia entre a segunda de carnaval e a quarta-feira de cinzas. No começo, a comemoração era em um albergue, mas com o tempo os pescadores foram invadindo as ruas da cidade.

Hoje, a festa dura bem mais de três dias e ainda tem um pré-carnaval em janeiro e um pós, que vai até abril. Uma tradição é a Visschersbende, grupo de pescadores em flamengo (um dialeto do holandês falado na Bélgica e Norte da França). Hoje,a palavra faz referência aos grupos de músicos e seus seguidores, que entoam cantos tradicionais e desfilam fantasiados, principalmente no domingo à tarde. O ponto alto é o Rigodon, onde todos os grupos se reúnem às 19h na praça Jean Bart e cantam os hinos mais tradicionais, E sempre terminam com a Cantate à Jean Bart, ajoelhados em frente à estátua em homenagem ao famoso corsário da cidade que serviu nas batalhas do rei Louis XIV. Outra tradição do Carnaval de Dunkerque são as Chapelles, casas amigas onde você pode beber e comer antes, durante e depois dos eventos e bailes. O Carnaval de Dunkerque propriamente dito vai de 18 a 26 de fevereiro e você pode saber mais aqui

 

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A arquitetura de Dunkerque

 

Já Granville fica na Normandia. Aqui o Carnaval também tem a ver com a pesca do bacalhau, mas daqui eles partiam para Terre-Neuve, hoje a Província de Terra Nova e Labrador, no Canadá. Então, em Granville o Carnaval também era para aproveitar a vida antes de enfrentar a travessia do Atlântico. Hoje, ele acontece durante cinco dias antes da quarta-feira de cinzas e é cheio de eventos tradicionais, como os concertos, os bailes e cavalgadas de adultos e crianças, carros enfeitados e fanfarras. 

A terça-feira é o ponto alto, com o julgamento do Rei Carnaval (um boneco), que é queimado no porto, e a guerra de confetes, que acontece à noite na praça principal da cidade. Há também as Intrigues (Intrigas), que duram toda a noite de terça. Os intrigants (intrigantes), sozinhos ou em grupo, passam fantasiados nos bares, restaurantes e residências. Elas abordam seus conhecidos contando histórias sobre eles e dando dicas para que os “intrigués” (intrigados) tentem reconhecê-los. A edição como a conhecemos hoje está em sua 149a edição e desde 2016 é inscrita na lista de Patrimônio Cultural e Imaterial da Humanidade da UNESCO.  O Carnaval de Granville deste ano acontece  de 17 a 21 de fevereiro e você pode conferir a programação aqui

 

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Granville, na Normandia

 

De todas as três cidades, Nice é a mais conhecida dos brasileiros e a que tem o melhor tempo. Por ser no sul da França, não faz tanto frio. Assim como Dunkerque e Granville, é uma cidade costeira e é famosa pelo seu Carnaval, o maior da França. E as origens desta festa são ainda mais antigas: elas vêm de 1294, quando Charles d’Anjou, conde de Provence, evoca sua passagem pela cidade “para ver os dias alegres do Carnaval” Já a festa “niçoise”, como a conhecemos hoje, começou em 1830, quando o rei do Piemonte-Sardenha, Carlo Felice, vai passar uma temporada de inverno na cidade e os nobres locais organizam um Carnaval, com desfile de carruagens e tudo, sob as sacadas do palácio. Mas a festa se oficializa mesmo em 1873, com a iniciativa de Andriot Saëtone de fundar um comitê de festas para realizar o evento e atrair os ricos para a cidade.

Hoje, o carnaval de Nice dura quinze dias e atrai muitos turistas. A celebração  tem muitos pontos altos. Dentre várias animações, há uma batalha de flores, onde artistas fantasiados sobem em carros floridos e jogam flores para os foliões. O cortejo, composto por uma quinzena de carros enfeitados, é precedido e seguido por artistas de rua e grupos musicais, que realizam seus espetáculos enquanto desfilam. As flores que sobram ao final do desfile são dadas ao público. No último dia, acontece uma cerimônia com fogos de artifício, onde o Rei Carnaval, um boneco gigante, é queimado. Mas durante todos esses dias, além da festa no centro da cidade, os bairros também se animam com vários eventos. Neste ano, acontece uma edição especial de 150 anos do Carnaval moderno de Nice. As datas são: de 10 a 26 de fevereiro. Mais informações aqui. Assim, apesar do frio, não dá para dizer que não tem Carnaval na França. E se alguém estiver por aqui nesta época, vale a pena conhecer uma destas três grandes festas.

 

Nice
Nice, no Sul da França

 

 

Para quem gosta de cinema!

 

Sementes Podres (Mauvaises Herbes)
Ano de estreia: 2018
Direção: Kheiron Tabib
Onde assistir: Netflix

Waël é um imigrante, que quando menor viveu nas ruas. Com Monique, uma aposentada, ele vive na periferia parisiense e comete pequenos golpes. Até que, um dia, uma das vítimas é um amigo de Monique, Victor, que cuida de um centro para crianças e adolescentes excluídos do sistema escolar. Por insistência da amiga, que não quer que Waël seja denunciado, Victor aceita o jovem como tutor voluntário de um grupo de seis jovens “delinquentes”. É uma tarefa que parece impossível, até porque Waël não parece animado, já que ele mesmo é um “delinquente”.

Apesar de já adivinharmos o final, é um filme sensível, que mostra uma realidade bem comum na França, fora das atrações turísticas. A atuação de Catherine Deneuve é tocante: ela se transforma na senhora aposentada, trapaceira, com uma carcaça dura, mas de coração mole. Me lembrou um pouco a Fernanda Montenegro em Central do Brasil. E Kheiron, um humorista iraniano, que também é diretor do filme, nos faz adorar e torcer por Waël. O enredo mostra também a realidade das crianças na guerra da Síria, lugar de onde o jovem personagem veio.

 

Sementes podres

 

Personagem

Madame de Sévigné – A grande dama do grande século

 

Em praticamente todas as Newsletters, tenho colocado a biografia de uma mulher. Não foi algo nem pensado, aconteceu. É que há tantas mulheres interessantes que a História deixou de lado ou deu menos destaque, que acho importante saber um pouco mais sobre elas. A personagem deste mês é um pouco “mais antiga” do que as últimas que retratei aqui, mas foi muito marcante no seu tempo, principalmente por suas cartas que são verdadeiros documentos sobre os costumes de uma época. Trata-se daquela que ficou mais conhecida como Madame de Sévigné.

Marie de Rabutin-Chantal, mais conhecida como Marquesa ou Madame de Sévigné, nasceu em 5 de fevereiro de 1626 em Paris. De uma família com bons meios financeiros, ela é neta de Jeanne de Chantal, que fundou a ordem religiosa da Visitação junto com São Francisco de Sales. Órfã de pai com um ano e de mãe com sete, a educação de Marie é confiada aos avós maternos e depois a seus tios, também maternos. Um deles, Christophe de Coulanges, é mais presente na formação da sobrinha. Ele é abade na abadia de Notre-Dame, em Livry-Gargan, na região parisiense, não longe de onde morava Marie. Assim, ela cresce cercada por livros e manifesta desde cedo o gosto pela leitura.

Em 1644, aos 18 anos, ela se casa com o marquês Henri de Sévigné. Não é um casamento feliz, pois seu marido é superficial e gastador. Desta união, nascem dois filhos: Françoise-Marguerite, em 1646, e Charles, em 1648. Após arruinar sua fortuna, Henri de Sévigné é morto em um duelo, em 1651. Viúva aos 25 anos e com dois filhos, ainda mais sendo da aristocracia da época, o mais esperado é que a Marquesa se casasse novamente e tivesse mais filhos. Mas não: Marie decide se dedicar à vida mundana e à educação de Françoise e Charles. Claro que, por ser uma mulher com posses, ela tinha preceptores para cuidar dos filhos, mas era ela quem os contratava e controlava os resultados. Na mesma época, a Marquesa se retira por três anos na região da Bretanha, perto da cidade de Vitré, e coloca em ordem sua fortuna sob os conselhos do tio Christophe, que ela chama de “Bien Bon” (Bem Bom).  Em 1654, Marie volta para Paris.

 

Madame de Sévigné
Jean Nocret – Portrait de Madame de Sévigné, 1644 – Musée des Rochers-Sévigné, Vitré.

 

Durante os anos seguintes, ela frequenta a alta sociedade da capital, e se aproxima dos importantes do reino. A regência termina e um novo reinado começa em 1661. Era a época de Louis XIV, o Rei-Sol, e a Corte francesa era bem movimentada. É neste contexto que a Marquesa de Sévigné apresenta sua filha, Françoise-Marguerite, aos nobres. Algum tempo depois, em 1669, ela casa a jovem com o conde de Grignan, François Adhémar de Monteil de Grignan, já viúvo duas vezes. Nomeado pelo rei em 1671 como capitão na Provença, o conde parte para o Sul da França, levando consigo a esposa. A Marquesa de Sévigné era muito ligada à filha e sofre com a separação. Mas é por causa dessa distância física que nascem alguns dos documentos mais interessantes do século.

Assim, Marie vai encontrar um jeito de manter a cumplicidade com a filha, Françoise, através de cartas. A Marquesa escreve todos os dias, contando todas as novidades – quer dizer, fofocas – de Paris e Versailles. Era também um modo de distrair a jovem condessa, que se entediava na Corte provençal, situada em Aix-en-Provence, e com as ausências do marido, ocupado em servir Louis XIV. Mas a Madame de Sévigné também escrevia sobre seus sentimentos: a saudade da filha, as alegrias e tristezas da vida cotidiana. Mas as duas não deixavam de se encontrar: Marie viajava ao sul para visitar Françoise e esta passava temporadas em Paris. Aliás, é para acolher a família que a Marquesa se muda, em 1677, para o Hôtel Carnavalet, um grande palacete no Marais e que hoje abriga o museu da História de Paris. E ela também recebia e visitava o filho, que morava na Bretanha.

Ao todo, a Madame de Sévigné escreveu cerca de 1500 cartas, a maior parte endereçada à Françoise, mas também tem as que escreveu para Charles, o filho, e para amigos. Ela tinha relações amigáveis tanto com as pessoas da Corte quanto com os inimigos do rei, o que às vezes lançava suspeitas sobre ela. Um de seus amigos era Nicolas Fouquet, que construiu o castelo de Vaux-le-Vicomte e que foi preso pelo rei, acusado de malversação financeira. Aliás, a Marquesa conta em detalhes o processo de Louis XIV contra Fouquet. 

 

Arte
Claude Lefèbvre – Marie de Rabutin-Chantal, Marquise de Sévigné, 17e siècle, Musée Carnavalet, Paris.

 

Suas cartas são verdadeiras testemunhas da História e dos costumes da época. Por exemplo: em 23 de abril de 1677, o príncipe de Condé, parente e rival de Louis XIV, oferece ao soberano um jantar de gala em seu castelo de Chantilly (aquele mesmo onde o Ronaldo casou). Acontece que o peixe não chega a tempo. Envergonhado, o cozinheiro-chefe de Condé, chamado Vatel, se mata com uma espada. E esse fato só veio para a posteridade porque foi contado pela Marquesa de Sévigné em uma carta para a filha (a gente também iria correndo contar, né?). Ela ainda diz no texto que “somente no terceiro golpe da espada é que ele cai morto”.

Em 1694, Marie parte pela última vez ao castelo de Grignan, na cidade de mesmo nome, no sul da França, onde vive a filha. Alguns dizem que ela foi cuidar de Françoise, gravemente doente; outros que era uma viagem para ficar mais perto da filha, pois a Marquesa já se aproximava dos setenta anos e a maioria de seus amigos já estava morta. O fato é que a Madame de Sévigné nunca mais volta a Paris, pois morre em 17 de abril de 1696, de varíola. A mesma doença vai matar também Françoise, mas nove anos depois. Assim, com a morte da Marquesa, encerrava-se 25 anos de correspondência com a filha e tantos outros mais com os amigos.

Mas a história não termina aí. Em 1725, algumas das suas cartas são publicadas clandestinamente. Já em 1734, uma das netas da Marquesa e filha de Françoise publica oficialmente 614 cartas, omitindo, é claro, as mais confidenciais. Vinte anos depois, ela manda publicar mais 772 cartas. Ao longo do tempo, as edições publicadas foram sendo modificadas: não o conteúdo, mas o número de cartas e a ordem. Hoje, podemos encontrá-las como um clássico da língua francesa, sendo publicadas em vários países, inclusive no Brasil. Apesar de Madame de Sévigné muitas vezes ter exagerado um pouco os relatos (quem conta um conto, aumenta um ponto, né?) e nem sempre ter estado presente nos acontecimentos que relatou, sua correspondência é um documento completo sobre os fatos históricos e o cotidiano do século XVII, chamado aqui na França de Grande Século. Além de ser também uma deliciosa obra de “fofoca”, contada por uma das plumas mais afiadas e inteligentes de seu tempo.

 

Louvre
Marie-Victoire Jaquotot – Portrait de Marie de Rabutin-Chantal, marquise de Sévigné, 1820, Musée du Louvre, Paris

 

 

Para Passear

Madame de Sévigné em Paris

 

 

praça Paris

A Marquesa ou Madame de Sévigné era uma apaixonada pela capital francesa. Em uma de suas cartas, ela escreveu:“Creio que a felicidade faz falar ‘parisien”. Ela, inclusive, nasceu no Hôtel Coulanges, que pertencia à sua família materna, que tinha esse sobrenome. O palacete fica no número 1bis da Place des Vosges, no Marais. Se hoje, já ficamos maravilhados com esta bela praça, imagina no tempo do nascimento da Marquesa, quando o lugar havia sido inaugurado há pouco mais de uma década e não havia ainda o trânsito que há atualmente. A Place des Vosges é uma Place Royale: explicando em poucas palavras, é uma praça dedicada a um rei, onde os imóveis que a cercam são simétricos e uma estátua de um soberano reina em seu centro. Paris tem outras praças deste tipo, como a Place des Victoires, a  Place Dauphine, a Place Vendôme e a Place de la Concorde (embora esta última seja um pouco diferente). Para saber mais sobre a Place des Vosges, veja este texto bem completo que escrevi sobre ela.

Boa parte do universo parisiense de Madame de Sévigné era no Marais. E ao pensar nela e no bairro, não podemos deixar de lembrar do Hôtel de Carnavalet. Ela se muda para o palacete em 1677, com o objetivo de ter mais espaço para receber a família. E a Marquesa é tão apaixonada pelo lugar, que o descreve em várias de suas cartas. Hoje, o local abriga o Musée Carnavalet, que conta a história de Paris. Mas o museu não se esquece de sua moradora mais ilustre e em suas coleções podemos encontrar vários objetos que pertenceram à Madame de Sévigné, expostos em algumas salas. Após passar por uma reforma recente, o Musée Carnavalet foi reaberto em 2022. O lugar vale demais a visita e é gratuito. Para saber mais, veja a matéria aqui no blog sobre o museu.

 

Musée Carnavalet
Os jardins do Musée Carnavalet

 

Rota Turística “Au Pays de madame de Sévigné” – Bretagne

 

Trata-se de um circuito de 72 quilômetros nos arredores da cidade de Vitré, na Bretagne. Ele engloba alguns lugares onde a Marquesa passou nas suas temporadas na região. O destaque é o Château des Rochers-Sévigné, onde ela viveu. Nós podemos visitar este belo edifício, que hoje é um museu dedicado a esta personagem fascinante, e ainda abriga a capela que a Madame de Sévigné construiu em 1671. E tudo cercado por um belo parque. O castelo é situado na cidadezinha medieval de Vitré, que tem o selo de Ville d’Art et d’Histoire e é um cartão-postal à parte. Suas ruas históricas fazem dela um dos mais belos lugares da França. O centro preservado tem um outro castelo, de estilo medieval, o Château de Vitré. Ele também é aberto à visitação e abriga um museu que conta a história da cidade e da região. Outra atração do centro é a igreja Notre-Dame, de estilo gótico flamboyant. Também vale a pena flanar pela Promenade du Val, um passeio aos pés da muralha da cidade (séculos XIII-XVI), e pelas suas ruas, que parecem ter saído de um livro de História. Alguns outros lugares charmosos da rota da Madame de Sévigné são: os vilarejos de Montautour, Montreuil-sous-Pérouse e Erbrée, além da collégiale (igreja) de Champeaux, dos séculos XV e XVI, no vilarejo de mesmo nome. Mas é impossível colocar aqui todas as atrações deste belo percurso, afinal 72 quilômetros não são pouca coisa. Para saber mais sobre Vitré, clique neste link. Já para a Rota da Madame de Sévigné, mais informações aqui.

 

Chateau des Rochers-Sévigné
O Château des Rochers-Sévigné

 

Alguns eventos interessantes pela França

 

No começo aqui da Newsletter, já mencionei os carnavais mais importantes da França, com as datas de cada um. Mas nem de carnaval vive este belo país, então, aqui vão mais três eventos que selecionei neste mês.

 

 1) Fête du Citron – Menton – Provence-Alpes-Côte-d’Azur

Esta festa, que celebra não só o limão, mas as frutas cítricas em geral, acontece desde 1934 e o tema deste ano é Rock e Ópera. É uma das mais animadas do inverno provençal. Ela atrai, por ano, mais de 2300 pessoas, entre locais e turistas. E tudo isso tendo como pano de fundo a bela cidade de Menton. É como se fosse um carnaval dedicado às frutas: tem desfile com carros alegóricos decorados com frutas cítricas, fanfarras e dançarinos. Nos jardins, podemos ver esculturas de até 10 metros de altura formadas por frutas cítricas. Há, também, visitas guiadas pela cidade e outras animações. De 11 a 26 de fevereiro de 2023. Para mais informações, veja aqui.

 

Fête du Citron

 

2) Le Monde de Clovis – Musée d’Archéologie Nationale – Saint-Germain-en-Laye – Île-de-France

O Château de Saint-Germain é um castelo de origem medieval, mas restaurado depois, que fica nos arredores de Paris e que abriga o Museu de Arqueologia Nacional. A visita do seu acervo permanente já vale muito a pena e suas exposições temporárias são excelentes. Esta aqui é sobre Clóvis, rei dos francos, um povo “bárbaro” que deu origem, por assim dizer, à França, à Alemanha, à Bélgica e ao Luxemburgo. Esta exposição conta o reinado deste rei e como era a vida no começo da Idade Média. A tecnologia é bem presente no percurso para fazer com que pequenos e grandes tenham a impressão de desembarcar em plenos séculos V e VI. De 22 de outubro de 2022 a 22 de maio de 2023. Mais informações no site oficial do museu.

 

Museu de Arqueologia Nacional

 

3) Colors Festival – Paris – 19ème

Quem gosta de street art não pode perder essa. Em um espaço antes abandonado, de 4500 m2 e cinco andares, cerca de  80 artistas do mundo todo tiveram carta branca para dar asas à imaginação. E o resultado é muito legal. São vários ambientes onde podemos “entrar de cabeça” em instalações, fotografias, pinturas e várias ambientações que lembram o espaço urbano. E este ano tem também um bar. Esta exposição imersiva é algo totalmente diferente e que procura valorizar a arte que encontramos todos os dias nas ruas e que, quase sempre, nem notamos. Este ano é a terceira edição. De 4 de fevereiro a 10 de novembro de 2023. Mais informações sobre horários e tarifas, clique neste link.

 

Paris Colors Festival

 

Espero que você tenha gostado desta Newsletter de fevereiro, a edição de aniversário. Se tem alguma sugestão ou assunto que gostaria de ver tratado aqui, é só escrever nos comentários do texto ou me mandar um email para contato@diretodeparis.com. Mas não se esqueça de colocar o assunto, senão vai para a caixa de spam.

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Renata Rocha Inforzato

Sou de São Paulo, e moro em Paris desde 2010. Sou jornalista, formada pela Cásper Líbero. Aqui na França, me formei em História da Arte e Arqueologia na Université Paris X. Trabalho em todas essas áreas e também faço tradução, mas meu projeto mais importante é o Direto de Paris. Amo viajar, escrever, conhecer pessoas e ouvir histórias. Ah, e também sou louca por livros e animais.

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