Atrações

Apresentando o Hôtel de Lamoignon – Sede da Bibliothèque Historique de la Ville de Paris

26 de agosto de 2013

Last Updated on 11 de setembro de 2019 by Renata Rocha Inforzato

O Marais é um dos bairros mais antigos de Paris. O que antes era um pântano, tornou-se, no século XVI, um bairro com vários palacetes aristocráticos, os chamados hôtels particuliers. Alguns ainda existem e podem ser visitados atualmente. O hôtel de Lamoignon é um deles. Ele abriga a Bibliothèque Historique de la Ville de Paris.

Bibliothèque

A Biblioteca Histórica é uma das bibliotecas especializadas da cidade. A maioria de seu acervo é composta por obras de História de Paris e da Île de France. Fazendo uma inscrição, podemos utilizá-la sem problemas. Mas a visita completa e comentada é feita por ocasião das Journées du Patrimoine, que ocorrem em setembro.

Bibliothèque

Ano passado, foi uma das visitas guiadas que fiz e valeu muito a pena. O hôtel de Lamoignon, onde ela está instalada, é um dos mais antigos do Marais. No final do século XVI, Diane de France, duquesa de Angoulême, filha legítima do rei Henry II, compra o terreno que pertencia ao convento Sainte-Catherine e constrói ali, entre 1585 e 1590, um palacete: o hôtel d’Angoulême.

Bibliothèque
Livros do acervo que contam a história do palacete

A construção era composta por um edifício principal, com um lado jardim e o outro lado para o pátio. Nos frontões, os símbolos de Diana, a deusa da caça: o cachorro, o cervo, a lua e a cabeça de animais em forma de troféus.

Bibliothèque
No frontão, cabeças de animais em forma de troféus

Com a morte da primeira proprietária, em 1619, o palacete é herdado por seu sobrinho, Charles de Valois, filho ilegítimo do rei Charles IX e amigo do rei Herny IV, que o torna Marechal da França. Em 1624, o novo proprietário acrescenta uma ala norte à construção.

Bibliothèque

A torre na esquina das ruas Pavée e Des Francs-Bourgeois, data do mesmo período. Com vocação mais decorativa do que defensiva é uma das poucas que ainda existem no Marais.

Bibliothèque

A partir de 1650, ano da morte de Charles de Valois, Guillaume de Lamoignon, primeiro presidente do Parlamento de Paris, torna-se o novo locatário. Ele instala no hôtel um salão de ideias muito frequentado pela elite da época, entre eles a “vizinha” Madame de Sévigné. Em 1688, a família adquire o palacete, que passa a se chamar Hôtel de Lamoignon, o nome atual. A partir de então, algumas modificações são feitas na construção.

Bibliothèque

Um pórtico é acrescentado: nele figuram dois personagens: um segurando um espelho, símbolo da Verdade; e o outro com uma serpente, símbolo da Prudência. A fachada do lado do jardim é modificada e as sacadas ganham grades de estilo Luis XV, com o símbolo dos Lamoignons: um arminho dentro de um losango. A família se muda do hôtel, em 1750, quando Guillaume II, neto do primeiro, torna-se chanceler.

Bibliothèque
o pórtico, com os símbolos da Verdade e da Prudência

Alguns anos depois, Antoine Moriau, procurador do rei, aluga o lugar para instalar ali sua biblioteca particular sobre a História de Paris. No seu testamento, ele doa a coleção à cidade e ela continua no mesmo lugar até 1773. É um prenúncio da vocação do hôtel como biblioteca.

Bibliothèque

Em 1774, o palacete é comprado pelo arquiteto Jean-Baptiste Le Boursier. Mas, vinte anos depois, em 1794, ele é revendido. A partir do século XIX, ele abriga diversos locatários, mas também lojas e ateliês. O escritor francês Alphonse Daudet viveu ali entre 1867 a 1876.

Bibliothèque
Como o leque é uma parte importante da vestimenta da mulher no século XIX e inspiração para artistas e escritores, a biblioteca possui uma coleção deles

E assim continua até que, em 1928, o hôtel de Lamoignon é comprado pela cidade de Paris, que começa a restaurá-lo. Em 1937, é classificado como Monumento Histórico. Uma ala moderna é criada, no alto da escadaria do pátio, e dois níveis no subsolo são construídos para abrigar a Biblioteca Histórica, que, nessa época, estava no Hôtel Peletier de Saint-Fargeau (que hoje faz parte do Museu Carnavalet. A nova sede da Bibliothèque Historique de la Ville de Paris é aberta ao público em 1969.

Bibliothèque
Cartazes de exposições que ocorreram na biblioteca

Uma curiosidade é que as sepulturas com as efígies dos dois primeiros proprietários, Diane de France e Charles de Valois, datados do século XVII, foram colocadas ali, no pavilhão mais moderno no pátio e podem ser visitadas durante as Journées du Patrimoine. Elas estavam na igreja de Minimes, que ficava na Place des Vosges, e foi destruída durante a Revolução.

Bibliothèque
Túmulo de Diane de France
Bibliothèque
Túmulo de Charles de Valois

A Biblioteca Histórica possui uma rica coleção sobre a história da região parisiense: são livros, manuscritos, mapas, desenhos, etc, que abordam todas as áreas, incluindo literatura e teatro. Há várias curiosidades, como, por exemplo, jogos e publicidade infantis do final do século XIX e começo do XX.

Bibliothèque
Um banco imobiliário parisiense e antigo?

Um dos destaques é a sua coleção de fotografia: são mais de 500 mil fotos e um grande número de negativos e placas de vidro. Ela começou a ser composta logo em 1872, pois os responsáveis pela biblioteca já viam a fotografia como uma boa fonte de documentação de uma época. Em 1874, eles encomendam 400 fotos a Charles Marville. De lá para cá, a coleção só cresceu, inclusive com a compra de arquivos de várias publicações da imprensa francesa. Periodicamente, a Biblioteca Histórica expõe uma parte do acervo de fotografias ou contribui para exposições externas. Mas raramente são as originais, pois, desde 1983, as fotos são restauradas e duplicadas.

Bibliothèque
Cartaz de uma das exposições de fotos

A Bibliothèque Historique de Paris pode ser visitada e até mesmo usada para consultas. E qualquer pessoa pode se inscrever: basta levar um documento de identidade – que, no caso de um turista, é o passaporte – e uma foto recente. A carteirinha dá direito a outras bibliotecas especializadas da cidade.

Bibliothèque

Hôtel de Lamoignon – Bibliothèque Historique de la Ville de Paris
24 rue Pavée
75004 – Paris
Horários:de segunda a sábado, das 10h às 18h
Metrô: Saint Paul, linha 1

Para saber mais sobre as Journées Europeénnes du Patrimoine, clique aqui

Bibliothèque

* Reserve hotel para Paris e outras cidades do mundo com o Booking
* Compre seu seguro de viagem com a Real Seguro Viagem
* Para fazer passeios e excursões, contate a ParisCityVision
* Para transfer e passeios privados, contate a França entre Amigos
* Saiba mais sobre Cursos de idiomas no exterior

Renata Rocha Inforzato

Sou de São Paulo, e moro em Paris desde 2010. Sou jornalista, formada pela Cásper Líbero. Aqui na França, me formei em História da Arte e Arqueologia na Université Paris X. Trabalho em todas essas áreas e também faço tradução, mas meu projeto mais importante é o Direto de Paris. Amo viajar, escrever, conhecer pessoas e ouvir histórias. Ah, e também sou louca por livros e animais.

Comentários (7)

  • Fernanda Biar Responder    

    28 de agosto de 2013 at 12:24

    Adorei a matéria Rê! Me senti lá dentro! Queria tanto poder chamar essa biblioteca de minha… hehehehehe

    • Renata Inforzato Responder    

      6 de setembro de 2013 at 19:08

      Oi Fê, venha visitá-la quando estiver aqui e a chame de sua 🙂 Ela é super acessível para pesquisa. Um beijão e obrigada

  • Andréa de Azevedo Freitas Responder    

    29 de agosto de 2013 at 22:47

    Vou anotar no meu caderninho pra minha próxima viagem, em maio/2014. Não vou deixar escapar nenhuma das suas dicas, pode acreditar… Bise

    • Renata Inforzato Responder    

      6 de setembro de 2013 at 19:05

      Oi Andréa, obrigada pela confiança… Espero até maio escrever bastante coisa. Um bejão

  • Gislaine Responder    

    30 de agosto de 2013 at 19:05

    Mais uma dica de ouro Renata! Andei tanto a pé nessa região e não sabia…Parabéns pelo texto!!

    • Renata Inforzato Responder    

      6 de setembro de 2013 at 19:02

      Oi Gi! O Marais tem muitos tesouros e é aos poucos que a gente vai descobrindo… Um beijão e obrigada

  • Jorge Corrêa Responder    

    3 de março de 2018 at 21:46

    Boa sugestão, vou passar lá em Maio 2017

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

O Direto de Paris usa cookies para funcionar melhor. Mais informações

The cookie settings on this website are set to "allow cookies" to give you the best browsing experience possible. If you continue to use this website without changing your cookie settings or you click "Accept" below then you are consenting to this.

Close