Histórias de viagem A busca por um carregador nas ruas de Groix
25 de novembro de 2020
Last Updated on 25 de novembro de 2020 by Renata Rocha Inforzato
Resolvi criar uma nova categoria aqui no blog: a de histórias de viagem. É que acontece tanta coisa legal nas viagens que acho uma pena não deixar nada registrado. Se vocês gostarem dessa e acharem que devo contra outras, por favor, deixem um comentário. Agora vou contar a minha saga por um carregador.
Ano passado, final de agosto, viajei para a ilha de Groix, na região da Bretanha, aqui na França. Como nunca aprendo a lição, tinha comprado a passagem para o trem das sete da manhã e, ainda assim, fui dormir de madrugada na véspera. No outro dia, saí de casa bêbada de sono, peguei o metrô, desci em Montparnasse e peguei o trem. Até aí, tudo bem.

Quando cheguei lá na ilha, na pousada, peguei a máquina fotográfica para ir passear. Foi quando me dei conta que, ao sair de casa com sono, esqueci o carregador. Acontece que a minha máquina é Canon e, ao contrário da Sony que tinha antes, a bateria só carrega com o carregador original e tem que ser compatível com o modelo da máquina. Não adianta usar aqueles carregadores USB.

Bom, fui mesmo assim passear pela ilha, até que no final do dia a bateria acabou. O pior é que a cidade mais perto de Groix é Lorient, que fica a 1 hora de barco! Fui jantar e perguntei pro garçom se alguém ali tinha o carregador da Canon. Ninguém! Terminei de comer e comecei a andar pela ilha, entrando nos bares, restaurantes e lojas ainda abertas e perguntando se alguém tinha carregador. Cheguei a parar as pessoas na rua pra pedir. Ninguém!

Até que em um bar, aonde sentei para afogar as minhas mágoas no vinho, um garçom me deu a ideia: coloque um anúncio no grupo do facebook da ilha. Voltei para a pousada, tomei banho, entrei no tal grupo, escrevi o anúncio e fui dormir.

No dia seguinte, meu facebook estava cheio de notificações do grupo. Dentre os vários comentários de gente torcendo para eu encontrar um carregador, havia a mensagem de um senhor, que deixava o número do seu telefone e pedia para eu ligar urgente porque ele tinha o carregador do meu modelo de câmera. Ligo; ele me pergunta em que parte da ilha eu estou naquele momento. Respondo que em frente da igreja. Ele me diz que está perto, que mora em frente ao Triskel.

Então, foi que aconteceu o mais incrível: Triskel era a pousada onde eu estava e ali a proprietária também mantém um bar no andar de baixo. Vou correndo da igreja para a frente da pousada (é perto, menos de cinco minutos). E dali vejo se aproximar um senhorzinho de uns 70 e poucos anos, muito simpático. E não é que ele, além de me trazer o carregador, ainda me traz uma bateria ? “É para você usar enquanto carrega a sua”, ele me diz.

Falo para o simpático francês que vou usar e que devolvo tudo no final do dia. Aí ele me pergunta: “Até quando você fica aqui?” Eu respondo: “Até segunda à noite”. Era sábado. E ele me responde com um sorriso: “Então, um pouco antes de você ir embora na segunda para pegar o barco, você deixa o carregador e a bateria no bar e eu pego. Não tem problema, todo mundo me conhece aqui”.

Ofereço deixar meu documento com ele, como garantia. Ao que ele diz, ainda sorrindo: “Não precisa, estou confiando em você”. E assim pude tirar minhas fotos da Ilha de Groix, fazendo minhas trilhas e sem preocupação da bateria acabar.

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Renata Rocha Inforzato
Sou de São Paulo, e moro em Paris desde 2010. Sou jornalista, formada pela Cásper Líbero. Aqui na França, me formei em História da Arte e Arqueologia na Université Paris X. Trabalho em todas essas áreas e também faço tradução, mas meu projeto mais importante é o Direto de Paris. Amo viajar, escrever, conhecer pessoas e ouvir histórias. Ah, e também sou louca por livros e animais.
Comentários (5)
Ivamar de Moura
6 de dezembro de 2020 at 22:48Renata… adorei o relato. Continue fazendo esses depoimentos sim. Acredito que deva ter muuuuuuitas histórias boas, engraçadas e até inusitadas pra contar pra gente.
Aprovado sua ideia.
Continue, por favor !!!!
Bjs no coração.
Renata Rocha Inforzato
18 de fevereiro de 2021 at 5:18Pode deixar, Ivamar, vou fazer mais sim. Obrigada por acompanhar o blog, querida. Beijão para você também.
Ivamar de Moura
6 de dezembro de 2020 at 22:50Velhinho simpático, né?
Muita gente boa nesse mundão de Deus.
Bjs
Renata Rocha Inforzato
18 de fevereiro de 2021 at 5:17Ele foi um amor
Direto de Paris - Jornalismo em Paris
30 de dezembro de 2021 at 12:52[…] escrevi uma crônica aqui antes sobre a minha viagem à Île de Groix. Como teve gente que me escreveu dizendo que gostou, aí resolvi contar esta. Ela […]