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Jacquemart-André – Um dos museus imperdíveis de Paris

9 de setembro de 2017

Last Updated on 27 de agosto de 2019 by Renata Rocha Inforzato

Paris tem museus para todos os gostos. Eu adoro visitá-los. Para o texto dessa semana, escolhi um dos mais bonitos e elegantes da cidade: o Musée Jacquemart-André.

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Esse museu é uma deliciosa mistura de século XVIII com arte italiana do século XV. Ele nasceu da paixão de um casal por viajar em busca de obras-primas e colecioná-las. O marido era Édouard André, único herdeiro de uma família de banqueiros. Nascido em 1833, desde jovem, ele colecionava obras de arte. Sua paixão eram os artistas da Veneza do século XV, como Andrea Mantegna, Giovanni Bellini, etc. Em pouco tempo, ele reuniu uma coleção de respeito.

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Nos anos 1870, ele encarrega o arquiteto Henri Parent de construir para ele um palacete em um terreno que possuía no Boulevard Haussmann. Inspirada na arquitetura civil do século XVIII, a construção possuía algumas inovações: foi realizada mais recuada em relação aos palacetes vizinhos e sua entrada ficava em um pátio dos fundos, acessível por uma rampa. A inauguração da residência acontece em 1876, com uma grande recepção, na qual comparecem a aristocracia e a burguesia parisienses. Édouard André era um político influente nesta época.

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Nesse período da segunda metade do século XIX, havia pouquíssimas artistas mulheres. Mas uma delas era Nélie Jacquemart. Nascida em 1841 em uma família simples, ela consolidou uma carreira de sucesso, obtendo medalhas em exposições de arte e encomendas oficiais. Especialista em retratos, também realizava pinturas religiosas destinadas às igrejas parisienses. Conhecida e aclamada pela crítica especializada, Nélie vivia de sua arte. Algo sempre difícil em qualquer época, imagine no século XIX para uma mulher. Um feito e tanto.

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Em 1872, Nélie recebe a encomenda de um retrato de Édouard André. Ela o executa com maestria e podemos ver esta obra no próprio museu. A partir daí nasce uma relação. Se desde o começo é amizade ou algo mais, não se sabe. O fato é que em 1881, Édouard e Nélie se casam. Em comum o amor pela arte, que ela também colecionava. Então, os dois passam a viajar juntos para enriquecer a sua coleção, que agora era uma só. O local preferido era a Itália, pois Nélie também era apaixonada pelas obras dos artistas italianos. A sua preferência era a Toscana do século XV.

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Ao mesmo tempo, o casal começa a embelezar o interior do palacete, tarefa que Édouard havia começado anos antes. Outra coisa que eles tinham em comum era a paixão pelo modo de vida e arte do século XVIII. Assim, eles decoraram os cômodos do térreo do palacete com móveis e objetos da arte da época, sobretudo os do reinado de Louis XV.

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No andar superior, na parte central, Édouard havia feito uma surpresa para a esposa: enquanto eles viajavam, um arquiteto transformava esta área da casa em ateliê para Nélie. Só que ela se recusa a ocupá-lo, pois havia encerrado sua carreira. Então, os dois decidem fazer deste andar um local para expor a coleção de obras de arte italiana, que eles continuavam a adquirir durante as viagens. O foco continuava a ser o século XV: o Quattrocento, que foi um dos períodos do Renascimento italiano, havia sido redescoberto havia pouco tempo.

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Assim, em 1892, eles começam a organizar este Museu Italiano. A ideia era mesmo reunir a coleção e abrir o lugar ao público. Porém, dois anos depois, em 1894, Édouard André morre. Então, Nélie continua a tarefa. Ela acaba finalizando uma grande sala de escultura e duas de pintura, reunindo toda uma vida de colecionadores. No começo do século XX, tudo está pronto.

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Nesta época, ela também realiza grandes viagens, como, por exemplo, para o Egito. E traz objetos de lá, que incorpora na decoração do palacete. Com o andar superior já pronto, ela começa a decorar os cômodos mais privados, situados no térreo, na ala esquerda da residência.

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Nélie Jacquemart-André morre em 1912. Ela havia determinado em testamento a doação do palacete, móveis, objetos e coleções ao Institut de France. A instituição seria, assim, encarregada de criar o museu e abri-lo ao público, o que acontece um ano depois, em 1913.

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Hoje quem cuida do lugar é uma divisão do Institut, o Culture Espaces. Eles foram fieis à vontade de Nélie e a apresentação do museu segue a ordem desejada pelo casal. É como se os dois apaixonados por arte ainda vivessem ali.

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A visita

As fachadas – André Jacquemart decidiu construir seu palacete inspirado na arquitetura do século XIII. Assim, a fachada que dá para o Boulevard Haussmann é mais recuada em relação aos imóveis vizinhos, mais recentes.

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A entrada é uma inovação: ela é feita lateralmente, através de uma rampa que sobe suavemente e leva até o pátio atrás da construção. Assim, a entrada dos visitantes é feita na parte de trás do palacete. Os proprietários quiseram deste jeito e é assim até hoje. Nessa parte, a fachada é bem majestosa, com colunas e um frontão com a letra A, dos André.

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Vestíbulo – É uma pequena sala que abre para os grandes cômodos, permitindo que os visitantes possam se dividir entre as diferentes áreas de recepção. Então, é uma área púbica, que recebe uma decoração nobre, inclusive com a presença de colunas iônicas. Um retrato do dono da casa, Édouard André, pintado por Franz-Xavier Winterhalter, foi colocado ali a pedido dele mesmo, para acolher os visitantes.

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Franz-Xavier Winterhalter, Portrait d’Édouard André

1) Le Salon des Peintures (Sala das pinturas) – É uma sala bem clara, iluminada por grandes janelas que dão para o pátio. Ela tem esse nome porque reúne, principalmente, pinturas que fazem parte da coleção do casal sobre o século XVIII.

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Assim, há vários tipos de obras: paisagens, naturezas mortas, mitológicas, retratos, etc. Os maiores nomes da pintura do século XVIII estão ali presentes: François Boucher, Jean-Bapiste Siméon Chardin, Jean-Marc Nattier e até mesmo Canaletto, este retratando as paisagens de Veneza, cidade que Édouard André adorava.

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Os móveis e objetos também são do século XVIII, assim como a maioria das esculturas. Uma exceção bem no centro da sala: Fillette aux tourterelles, de Luigi Pampaloni, um dos maiores escultores do século XIX.

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Luigi Pampaloni – Fillette aux tourterelles

2) Le Grand Salon (Grande Salão) – É o maior dos cômodos que eram destinados à recepção de convidados. Tem uma forma de semicírculo, muito em moda no século XVIII. Durante as festas mais importantes, era possível tirar as paredes laterais, unindo esta sala com as salas vizinhas, através de um sistema hidráulico.

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A ideia de solenidade desta sala é acentuada por uma galeria de bustos, que retrata homens importantes para a História Francesa. Dentre as personalidades presentes, destacam-se o rei Henri IV, o marquês de Marigny, os arquitetos Jacques Ier Gabriel e Jacques V Gabriel, entre outros. Quase todos realizados por escultores famosos do século XVIII, tais como, por exemplo, Antoine Coysevox, Jean-Baptiste Lemoyne, Jean-Antoine Houdon e Michel-Ange Slodtz. Duas vitrines reúnem miniaturas, também de coleção.

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3) Le Salon des Tapisseries (Sala de Tapeçarias) – Agora vamos para a ala esquerda do palacete, onde Édouard e Nélie tratam de assuntos cotidianos e de negócios. Ela é composta por salas de tamanhos menores, como esta de Tapeçarias, onde as dimensões do cômodo foram adaptadas para receber as obras da coleção.

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Ela abriga as três tapeçarias dos Jeunes Russiens, compradas em 1868, antes da construção do palacete. Encomenda real para a Manufacture de Beauvais, elas destacam o gosto pelo orientalismo, tão em moda no século XVIII. Os móveis também são do mesmo século. A única pintura é uma obra de Francesco Guardi retratando Veneza. E no teto, a decoração é da escola francesa do século XIX.

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4) Le Cabinet de Travail (Gabinete de Trabalho) – Era aqui que o casal recebia seus convidados de negócios. Os móveis refletem, mais uma vez, o gosto dos moradores pelo século XVIII. Inclusive a paixão da época pelo Oriente, através de uma secretária em laca do Japão.

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Nas paredes, vários mestres também do século XVIII, como Jean-Honoré Fragonard, Charles-Antoine Coypel, Jean-Baptiste Greuze. Em cima da secretária, um retrato de Nélie Jacquemart, realizado no século XIX pelo seu mestre, Ernest Hébert.

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Jean-Honoré Fragonard – Les Débuts du Modèle, 1770

No teto uma obra-prima de Giovanni Battista (ou Giambattista) Tiepolo, que fazia parte de um palácio em Veneza, foi comprada pelo casal e trazida até aqui. Ela representa a Apoteose de Hércules.

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O teto com a obra de Tiepolo

5) Boudoir – Esta parte da ala seria destinada como apartamento particular para Nélie Jacquemart. Podemos até ver a alcova com suas balaustradas. Mas, na década de 1890, este cômodo é transformado. A chaminé de mármore veio do hôtel Bernard.

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Os móveis são do final do século XVIII e as pinturas são de mestres também da mesma época e do começo do século XIX. Dois dos exemplares presentes são: o retrato da Contesse Skavronskaïa, de Élisabeth Vigée Le Brun, uma das raras pintoras a viver de sua arte, inclusive com encomendas de reis, da nobreza e de altos escalões de vários países da Europa. E o retrato do Comte Antoine Français de Nantes, de Jacques-Louis David, um dos maiores artistas do Neo-Classicismo.

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À esquerda, a obra de Élisabeth Vigée Le Brun – Portrait de la Comtesse Skavronskaïa,

No teto, outra obra de Tiepolo, vinda da Itália. Ela representa as alegorias da Justiça e da Paz.

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No teto, mais uma obra de Tiepolo

6) Bibliothèque (Biblioteca) – Era o quarto de dormir de Nélie, que também foi transformado nos anos 1890. Era ali que ela se reunia com o marido para consultar os catálogos de venda das obras de arte e decidir o que comprar.

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Uma curiosidade é que os móveis deste cômodo são um pouco mais antigos: dos séculos XVII e começo do XVIII. Há, inclusive, um gabinete dado pelo rei Louis XIV à Mademoiselle de Fontanges. Os quadros também retratam uma época um pouco diferente dos outros cômodos: são de mestres flamengos e holandeses do século XVII.

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Há obras de Antoon Van Dyck, de Jan de Bray, Franz Hals e até de Rembrandt, por exemplo. Já a escola flamenga está representada por Philippe de Champaigne, um dos maiores pintores do período.

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Rembrandt van Rijn – Portrait d´Amalia van Solms

Uma vitrine octogonal foi colocada na sala por Nélie, com os objetos das viagens que ela fez por vários países, depois que ficou viúva. A maioria das obras expostas aqui veio do Egito, E nos dois armários, livros raros e de coleção que pertenciam ao casal.

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7) Le Salon de Musique (Salão de Música) – Agora voltamos um pouco, atravessamos o Grande Salão e entramos na ala direita do palacete. Aqui estamos no Salão de Música. Ele é construído em dois níveis. No nível inferior, a decoração é bem do Segundo Império, ou seja, do período do governo de Napoleão III, na segunda metade do século XIX, época em que o palacete foi construído.

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Já as obras que ornam as paredes são de artistas do século XVIII, como, por exemplo, Fragornard. Ou a tapeçaria Repôs après une chasse, realizada em Beauvais, em 1736, a partir de um desenho de François Boucher.

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Fora do século XVIII, uma obra de Nélie Jacquemart, que é o único busto que ela realizou de seu marido, Édouard André. E no teto, uma decoração de Victor Galland, realizada em 1872, cujo tema é o Triunfo de Apollo.

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Nélie Jacquemart – Buste d’Édouard André, 1890

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8) Le Jardin d’Hiver et l’Escalier (Jardim de Inverno e a Escadaria) – Vindo da Inglaterra na época do Segundo Império, este tipo de cômodo fez muito sucesso na França. Sob um teto de vidro, vasos, principalmente com plantas exóticas, eram dispostos em um ambiente mais fresco do que as outras salas de recepção. Por isso, era ali que os convidados iam descansar um pouco.

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A decoração do Jardin d’Hiver do palacete é suntuosa, com colunas, além de bustos da Antiguidade e outros do Renascimento. Exceção para o busto do Cardeal Richelieu, executado no século XVII por Jean Warin. No fundo do cômodo, a escadaria. A decisão de colocá-la ali é uma inovação do arquiteto Henri Parent. Apoiando-se em uma parede e duas colunas, é uma escadaria em dupla revolução, diferente das outras da mesma época. É um monumento e não deixa de ser uma das atrações do museu.

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9) Fumoir (Fumódromo, em tradução literal) – No século XIX, era um cômodo reservado aos homens, onde eles iam beber e fumar depois do jantar. Depois da morte do marido, em 1894, Nélie muda a decoração e a função da sala.

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De uma viagem à Inglaterra, ela traz uma série de retratos do século XVIII. São artistas como, por exemplo, Thomas Lawrence e John Hoppner, entre outros, que, na época dessas aquisições, ainda não eram conhecidos na França. Há também objetos e móveis de outras viagens que Nélie fez para as Índias, para a Pérsia (hoje, Irã) e outros países do Oriente.

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No teto, uma pintura realizada por um aprendiz de Tintoret: a Disputa de Minerva e Netuno sobre a Fundação de Atenas, do século XVI.

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10-11) La Fresque de Tiepolo et la Galerie de Musiciens (O afresco de Tiepolo e a Galeria dos Músicos) – Em 1893, o casal adquire um conjunto de afrescos, realizados por Tiepolo, que estava na Villa Contarini, no Vêneto, na Itália. Eles retratam a visita de Henri III à Villa, durante sua viagem para Paris para assumir o trono da França. A ideia de Édouard e Nélie é colocar esses afrescos na Galerie de Musiciens, isto é, no segundo nível do Salon de Musique. Dessa forma, os convidados do casal tinham, assim como hoje os visitantes do museu, uma agradável surpresa ao terminar de subir as escadarias. O efeito de ilusionismo mostra toda a maestria do mestre italiano.

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Continuando pela galeria, uma vitrine com pequenos objetos italianos do Renascimento anuncia as salas que virão logo depois. Logo em seguida, duas tapeçarias: uma de Bruxelas, do século XV, que mostra o Cristo levando a cruz; e a outra francesa, de 1570, que se chama La recompense de la Vertu et les dangers du Plaisir (A recompensa da Virtude e os perigos do Prazer).

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Uma sequência de bustos também decora a galeria. Dentre eles, o do Papa Gregoire XV, obra-prima de Gian Lorenzo Bernini. Há também uma pintura do ateliê de Tiziano Vecellio (Titian), que é um retrato de Federico Gonzaga, duque de Mantoue.

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Gian Lorenzo Bernini – Buste de Grégoire XV

12) Le Musée Italien – La Salle des Sculptures – l’Atelier et la Rotonde (O Museu Italiano – A Sala das Esculturas – O Ateliê e a Rotunda) – Esse cômodo ficou sem uso por anos. Até que, em 1881, Édouard André resolve fazer uma surpresa para a esposa e manda o arquiteto fazer ali um ateliê para Nélie. O profissional chega até a mudar a fachada para construir grandes janelas a fim de dar a luminosidade necessária para que ela pudesse pintar. Porém, Nélie havia deixado a carreira de artista e usa o lugar para guardar suas coisas. Somente em 1890, ela e Édouard decidem expor suas coleções de arte italiana no local.

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Era a época da abertura para o público de grandes museus e também de grandes coleções particulares. Assim, o casal resolve usar esta grande sala para guardar as esculturas, todas obras de artistas italianos dos séculos XV e XVI. A disposição de cada obra obedece a um rigor estético de harmonia mais do que uma coerência histórica. O destaque vai para dois anjos candelabros, realizados por Donatello, arrumados em cima de um baú.

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Há também uma fonte monumental e uma moldura de porta com pilastras ricamente decoradas. Em torno deles, mais obras-primas da escultura italiana. Encontramos também na sala belas mesas, estátuas e uma vitrine onde está uma placa de bronze de São Sebastião, outra obra de Donatello, além de dois jarros em porcelana de Médicis. Como o cômodo é dedicado à escultura, apenas três quadros estão expostos ali, sendo um deles um retábulo de Francesco Botticini.

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13) Le Musée Italien – La Salle Florentine (O Museu Italiano – A Sala Florentina) – No começo, esta sala abrigava objetos de arte italiana, de todas as regiões. Mas, com a morte de Édouard André, Nélie, que amava Florença, faz da sala um lugar para expor as obras que ela possuía de artistas florentinos.

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Há várias obras-primas nesta sala. Destaque para diversas Virgens como o Menino Jesus. Uma delas foi realizada Sandro Botticelli e outra por Pietro Vannucci (Perugino), dentre outros artistas. Outro destaque deste cômodo é o quadro de Paolo Uccello, Saint-Georges terrassant le Dragon.

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Sandro Botticelli – Vierge à l’Enfant

Pelas pinturas religiosas, mas também pelo mobiliário, esta sala lembra uma capela particular.

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14) Le Musée Italien – La Salle Vénitienne (O Museu Italiano – Sala Veneziana) – É a última sala do museu italiano. Foi arrumada enquanto Édouard André ainda era vivo e abriga, na sua maior parte, as obras da escola artística preferida dele: a de Veneza. As obras, assim como nas salas anteriores do Museu Italiano, são, principalmente, do século XV.

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Dentre as pinturas expostas ali, encontramos várias de Andrea Mantegna e uma Virgem com o Menino, de Giovanni Bellini. Há também uma Predela, ricamente colorida, executada por Lazzaro Bastiani. Além de obras que levam uma influência da arte bizantina ou que ainda possuem traços medievais, realizadas por Carlo Crivelli, Vittore Crivelli, Giorgio Schiavone e Vittore Carpaccio.

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Andrea Mantegna – Vierge à l’enfant entourée de trois saints

Outra obra que me chamou atenção foi de Cima da Conegliano, que foi muito conhecido na Veneza do século XV. Os móveis também são do Renascimento Italiano e o teto é atribuído a Girolamo da Santacroce.

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O teto com a obra de Girolamo da Santacroce

15) La Chambre de Madame (O Quarto da Madame) – Ao contrário de outros palacetes, os cômodos privados dos donos da casa ficavam no térreo. Porém, eles somente foram renovados depois da criação do museu italiano, o que quer dizer somente após a morte de Édouard André.

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Assim, como nos cômodos de recepção, Nélie resolve voltar ao século XVIII para arrumar estes aposentos particulares. Então, em torno de sua cama, ela manda instalar painéis de boiseries antigas. E nas paredes sedas de Lyon. Os móveis também são da mesma época.

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Há, ainda, duas pinturas, sendo uma delas o Portrait d’Homme, de Maurice Quentin de la Tour. O quarto é precedido por um Petit Salon (Pequeno Salão), com alguns retratos inclusive um autorretrato de Nélie.

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Nélie Jacquemart – Autoportrait, 1880

16) L’Antichambre et la Chambre de Monsieur (A Antecâmara e o Quarto do Senhor da casa) – Estes dois cômodos foram arrumados depois da morte de Édouard André. Mas, Nélie Jacquemart fez questão de homenagear a memória do marido.

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Na Antecâmara, uma série de objetos e retratos de família. É ali que está o retrato de Édouard pintado por Nélie, em 1872, muito antes deles se casarem.

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Nélie Jacquemart – Portrait d’Édouard André, 1872

Já o quarto de dormir é uma suíte. Os móveis também pertencem ao século XVIII. Como obra de arte, há um busto de Édouard André realizado por Jean-Baptiste Carpeaux, um dos maiores escultores do século XIX.

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O banheiro, anexo ao quarto, guarda o estado de quando foi renovado, no começo do século XX. Era uma época onde as pessoas passaram a ter uma preocupação maior com a higiene, começando a dedicar um cômodo só para isso. Apesar dessa modernidade, a decoração do banheiro é composta por boiseries pintadas, o que reforça o estilo do século XVIII presente nos salões do palacete.

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Essa é a visita ao Musée Jacquemart André que, assim como pudemos ver, é composto por uma residência inspirada no século XVIII e um museu italiano com obras, principalmente, do século XV. Mas ele também abriga excelentes exposições temporárias sobre vários períodos da arte. Além dos cômodos que a gente visita, há uma loja, que vende lembranças e livros, e a antiga sala de jantar do palacete, onde hoje funciona um café. Mas este último merece um texto à parte, pois, além de lindo, tem um cardápio delicioso.

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Musée Jacquemart-André
158 boulevard Haussmann
75008 Paris
Metrô: Miromesnil – linhas 9 e 13.
Horários: todos os dias, das 10h às 18h. Segundas-feiras até às 21h.
Tarifas: 13,50 euros. Reduzida: 10,50 euros. Gratuito para crianças com menos de sete anos.
Para saber mais, veja o site do museu.

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Renata Rocha Inforzato

Sou de São Paulo, e moro em Paris desde 2010. Sou jornalista, formada pela Cásper Líbero. Aqui na França, me formei em História da Arte e Arqueologia na Université Paris X. Trabalho em todas essas áreas e também faço tradução, mas meu projeto mais importante é o Direto de Paris. Amo viajar, escrever, conhecer pessoas e ouvir histórias. Ah, e também sou louca por livros e animais.

Comentários (27)

  • Robba Caravieri Responder    

    10 de setembro de 2017 at 2:24

    Adorei as fotos estão maravilhosas. Deve ser um super lugar pra visitar, ainda infelizmente não tive a oportunidade de conhecer, mas está salvo aqui nos favoritos pra guardar como dicas!

  • Gabriela Torrezani Responder    

    10 de setembro de 2017 at 9:53

    Uau, que museu lindo! confesso a minha ignorância, não conhecia. Massssss, em novembro volto pra Paris e vai ser minha chance de visitar. AMO museus. As suas fotos estão riquíssimas e detalhes, parabéns!

  • Tina Wells Responder    

    10 de setembro de 2017 at 17:29

    Uma história fascinante e que lugar maravilhoso, pra quem pensa que Paris é só Louvre! Não sabia da sua existência e com certeza vou tentar visitar na minha próxima ida a Paris!

  • Luis Felipe Responder    

    10 de setembro de 2017 at 20:54

    Nossa!!! Uma verdadeira enciclopédia sobre o museu. Fiquei tocado com a devoção do casal que percorria o continente e África em busca das obras. Mais impressionante foi ter deixado em testamento que queria que tudo virasse um museu e no ano seguinte assim foi feito. Bem legal.

  • Luiz Jr. Fernandes Responder    

    11 de setembro de 2017 at 10:56

    Nossa que belo relato, fotos espetaculares! Fui lendo seu texto e me imaginando imerso nos corredores do Jacquemart-André. Fantástico!!

  • Gisele Rocha Responder    

    11 de setembro de 2017 at 19:22

    Para eles, colecionar obras de artes italianas era como se fosse colecionar souvenires, né? Eu adoraria fazer o mesmo, mas com a grana que eu tenho, só consigo colecionar guardanapos e tampinhas de cerveja. Hehehe
    Inusitado eles terem se conhecido quando ele pediu para que ela fizesse um retrato dele. Coisas do destino…

    • Renata Rocha Inforzato Responder    

      21 de setembro de 2018 at 10:07

      Oi Gisele, pois é, já pensou: você pede pra alguém fazer seu retrato e aí se apaixona pelo artista. Eu também adoraria colecionar arte como lembrancinha de viagem, mas por enquanto é caixinhas e ímãs de geladeira, rsrsr, bjs

  • rui batista Responder    

    11 de setembro de 2017 at 19:33

    Olha que excelente sugestão… confesso que nunca visitei. Admito que não conhecia, mas gostei de ser levado pela “mão” nos belos e artísticos corredores do Jacquemart-André…

  • Pedro Henriques Responder    

    12 de setembro de 2017 at 17:36

    Paris é uma das grandes capitais culturais da Europa e este museu é um exemplo disso. Não sabia da existência do Jacquemart Andre, mas parece me obvio que é um destino a não perder para os apreciadores de arte, pintura e escultura. Parabéns e obrigado por partilhares este equipamento cultural de relevo.

  • Giulia Sampogna Responder    

    14 de setembro de 2017 at 12:56

    Não acredito que fiquei 15 dias em Paris e nem escutei falar sobre esse museu. Imagina começar a colecionar arte assim tão novo. E estou de boca aberta com a beleza desse palácio. Ótimo post.

  • Simone Hara Responder    

    15 de setembro de 2017 at 5:26

    Adorei o post! Que charme esse museu!
    Ainda não conheço, mas a dica já está anotadíssima pra próxima viagem. Com certeza vou encaixar no roteiro

  • Josefa Cecinha de Mendonça Responder    

    18 de setembro de 2017 at 22:04

    Mais uma vez parabéns Renata. Já visitei esse museu, mas agora com suas fotos conheci com mais detalhes. O seu trabalho é muito detalhado. Merci.

  • Anita Responder    

    30 de outubro de 2017 at 16:29

    Post maravilhoso. O museu é lindo. Um palacete fácil de visitar por não ser grande. Vale muito a pena!

  • Terezinha Bernardes Responder    

    10 de novembro de 2018 at 16:01

    Adorei blog!!!!
    Muitos detalhes, boa explicação e sua postagem á respeito do Mont Saint Michel é excelente. Estaremos indo para lá em abril/2019.
    Agradecemos por compartilhar conosco as maravilhas deste país mágico a França.

  • Direto de Paris - Jornalismo em Paris Responder    

    12 de agosto de 2019 at 12:33

    […] Divorciado e sem filhos, no final da vida toma uma decisão importante. Talvez inspirado por Nélie Jacquemart, que havia doado suas coleções e palacete para a abertura de um museu, Paul Marmottan resolve […]

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